Alentejo - José Alves |
Os dias têm agora um ritmo de explosão silenciosa e alongam-se até ao serão. Pássaros agitam asas no ar morno e há um rumor que se aquieta no íntimo desespero. O labor é difícil e o alimento aligeira-se. Lassos, os corpos resistem como podem e encharcam-se de água morna - tisnam-se e emagrecem.
Os rostos já não contemplam a Primavera e sabem, agora, da ilusão colorida da terra infrutífera. A débil aragem destruirá suas pétalas e todo o efémero se converterá em pó.
Alentejo - José Alves |
Herdeiros que somos dos ecos de outrora, viajaremos na quietude escaldante do suão. Franziremos o rosto, sentiremos o peso e o cansaço, caminharemos ainda, mal o sol se ponha incendiando a planura.
Um dia, os rostos cansados sorrirão...
Ana