Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 29 de junho de 2013

Metaestável


Alentejo - José Alves

Os dias têm agora um ritmo de explosão silenciosa e alongam-se até ao serão. Pássaros agitam asas no ar morno e há um rumor que se aquieta no íntimo desespero. O labor é difícil e o alimento aligeira-se. Lassos, os corpos resistem como podem e encharcam-se de água morna - tisnam-se e emagrecem.
Os rostos já não contemplam a Primavera e sabem, agora, da ilusão colorida da terra infrutífera. A débil aragem destruirá suas pétalas e todo o efémero se converterá em pó.


Alentejo - José Alves

Herdeiros que somos dos ecos de outrora, viajaremos na quietude escaldante do suão. Franziremos o rosto, sentiremos o peso e o cansaço, caminharemos ainda, mal o sol se ponha incendiando a planura. 

Um dia, os rostos cansados sorrirão...

Ana



quinta-feira, 13 de junho de 2013

A comédia dos enganos


Adriano Renzi

Não, não me refiro ao título da famosa obra de W. Shakespeare...este é um post encriptado na realidade da Europa e do nosso país. A ficção não supera, hoje, os dias que vivemos. Eu, pobre escrava assisto à [...].

BUC

Desculpem, meus amigos, mas quem me conhece sabe que tenho o enorme defeito da memória....






segunda-feira, 10 de junho de 2013

10 de Junho



EBC

As amoras

O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade, O outro nome da Terra



(google)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Temos o dever

Pierre Bonnard

Temos o dever da esperança!


Pierre Bonnard

Somos obreiros do Futuro!



("À Bonnard le bonheur")



sábado, 1 de junho de 2013

Portugal, povo de suicidas



Unamuno

«- Que doutrina horrível! , digo para mim, guardando o jornal no bolso, e recordo Alcácer-Quibir e o rei D. Sebastião, o terramoto desta cidade de Lisboa, D. Pedro V, o Hamlet português e o seu mestre Herculano, cujo soberbo túmulo contemplei esta mesma tarde nos Jerónimos e, por último, torna a surgir diante de mim o enigmático e triste sorriso de Eça de Queiroz.
Entretanto vai e vem a gente desta cidade cosmopolita; parece contente, ri, gesticula, corre para os seus negócios ou para as suas distracções. E um observador satisfeito poderia dizer ao vê-los:
" Este é um povo como todos os outros; aqui não acontece nada."
E, não obstante, o povo desta terra, Portugal, é um povo triste.
Sim, é um povo triste. E daqui resulta o encanto que tem para alguns, apesar da evidente trivialidade das suas manifestações exteriores.
[...]
Portugal é um povo de suicidas, talvez um povo suicida.»

Miguel de UNAMUNO, Portugal povo de suicidas, p.p. 72-73


Fecho o livro. Vou comprá-lo também. Se não me afastar da Feira do Livro, arruíno-me. Hoje, vi Lisboa pelos olhos do iberista.