Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Haidamaky
Taras Shevtchenko |
Oksana lia com um sotaque de leste poetas que eu desconhecia e ela própria traduzira. Disciplinada e metódica, fê-lo durante três anos no seu projecto individual de leitura, obrigação de cada um dos meus alunos. Queria ser diplomata e o seu excepcional conhecimento de línguas estrangeiras poderia ter sido o outro caminho.
Os textos que escreveu trouxeram-me esse país frio de grandes poetas e de uma Literatura riquíssima. Num exame nacional de português, aprimorado, entrou para a UTL. Jovem e consciente seguiu por outro caminho, mais eficaz e realista, que isto de ser diplomata em Portugal é coisa de outras linhagens...
Atestei-lhe a cidadania portuguesa e agora, minha amiga, Oksana como eu lê a tradução do seu distante poeta épico na língua de Camões. Enquanto isso, lá longe, Kiev regurgita.
Kiev, 2/2014 |
[...]
Filhos meus, ainda infantes -
desarrazoados e imprudentes!
Quem vos acolheria nos braços,
senão a própria mãe, que vos
acalentou os sonhos d’antes?..
Filhos meus! Águias bravas!
A caminho da Ucrânia, -
se as desgraças lá houverem,
não serão elas dos outros.
Haverá gente decente e boa
que não dará vez à morte.
Aqui… aqui. Tudo é estranho!
[...]
Taras Shevtchenko, Haidamaky
- Taras Shevtchenko, foi um poeta, pintor, desenhador, artista e humanista ucraniano. Foi fundador da literatura moderna ucraniana e visionário da Ucrânia moderna. Sua maior obra foi a colectânea poética Kobzar. Wikipédia
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Refúgio
Vladimir Kush |
Nuvens pesadas arrastam-se na noite. São pesadelos que agitam o sono dos incautos. Lá longe, em Manaus, um amigo de infância encontrou o seu fim. Sobre a cabeça dos homens chovem amarguras inesperadas. Voltámos ao sono, refúgio precário. Não digas que hoje olhaste o silêncio, pois nele o Arquitecto refaz a sua obra infindável.
Olha o alvorecer! Outros dias virão e a tela dos sonhos acolherá pinceladas gritantes. Não desistas ainda. É só um dia que finda.
Ana
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Horas contínuas
José Alves, Alto Alentejo |
Perdi-me no frio que o vento carrega. Horas contínuas de trabalho inglório. Caminhei por aí, carregando essa nuvem pesada sobre ombros que se recusam a vergar. Que geração é a minha? Não sei nem mo digas! Eu vim de um tempo ab imo pectore, nunca um cisma qualquer me há-de atingir.
Sou de um género nunca frágil que resiste e persevera. A distância e o tempo sempre se flectiram e sei-o há muito. A geada não me mata e o vento que vem do norte é, tão só, um visitante passageiro.
Só os amigos suspeitam destas ausências e sabem que o meu lugar vazio é sinónimo perene da escravatura ignóbil a que estou sujeita. Sabem, porém, que voltarei e que a Primavera já rumina...
Ana
Subscrever:
Mensagens (Atom)