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José Alves, Minho |
Acontece-me muitas vezes, nos quentes dias de Verão, quando enfrento o vazio e o nada que as férias verdadeiras implicam, nessa urdidura de encanto e de contemplação, escolher leituras inquietantes. A aridez analítica da minha vida profissional corre o risco de me deformar o olhar sobre a vida. Assim, interesses múltiplos acolhem os meus breves tempos livres.
O autor que apresento no «post» anterior, lido no original e por isso sem traição tradutora, acompanhou-me nos seus oitenta e oito anos. Colocou-me perante o momento anterior ao, dito, Big Bang e interrogou-me sobre o momento posterior à questionável expansão do universo. Tantas são as teorias e tão poucas as certezas, por ora incompreensíveis para a natureza humana. Jean d'Ormesson resolve, em parte, a sua inquietação aderindo ao cristianismo na justa dimensão de teoria do amor ao próximo. A única que aceita. Nesse sentido, julgo, o cristianismo é um humanismo.
Houve um tempo em que pensei assim, talvez volte a esse lugar mental. Hoje, acomodo-me em zonas de alguma turbulência ecléctica. Faço parte dos que acreditam que a teoria das singularidades físicas e outras de igual grandiosidade não salvam o Homem de estar a entrar numa espécie de nova era das trevas, uma espécie de Idade Média globalizada.
Não sou a única:
«Uns atribuíam essa decadência da civilização à economia, outros à globalização da informação, outros à fragmentação da informação, outros à fragmentação e à instrumentalização da política por agentes mercenários, outros ainda a causas mais ou menos estranhas ao controlo humano, do aquecimento global a outro tipo de catástrofes. Enfim, o catálogo é longo e, como se vê, é preciso uma dose estratosférica de optimismo e inconsciência para defender que algum daqueles perigos tenha sido afastado» (Super Interessante, 196 - As Trevas).
Só não podemos desistir!