| Alto Alentejo, José Alves | 
"A não-violência não
consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não-violência, tal como
eu a concebo, empreende uma campanha mais activa contra o mal que a Lei de Talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento da perversidade.
Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição mental e, por conseguinte, moral.
Trato de amolecer a espada do tirano, não cruzando-a com um aço mais afiado,
mas defraudando a sua esperança ao não oferecer resistência física alguma. Ele
encontrará em mim uma resistência da alma, que escapará do seu assalto. Essa
resistência primeiramente o cegará e em seguida o obrigará a dobrar-se. E o
facto de dobrar-se não humilhará o agressor, mas o dignificará... ", M. GANDHI
| Mediterrâneo, José Alves | 
Apetece cantar, mas ninguém canta. 
Apetece chorar, mas ninguém chora. 
Um fantasma levanta 
A mão do medo sobre a nossa hora. 
Apetece gritar, mas ninguém grita. 
Apetece fugir, mas ninguém foge. 
Um fantasma limita 
Todo o futuro a este dia de hoje. 
Apetece morrer, mas ninguém morre. 
Apetece matar, mas ninguém mata. 
Um fantasma percorre 
Os motins onde a alma se arrebata. 
Oh! maldição do tempo em que vivemos, 
Sepultura de grades cinzeladas, 
Que deixam ver a vida que não temos 
E as angústias paradas! 
Miguel Torga, in Cântico do Homem
