Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Os outros...




José Alves

A Primavera voltou, inexorável, ao meu jardim. 


José Alves

Na distância, a planície estende-se em ondas de amarelos asiáticos imperiais. 


José Alves

Passou mais de um ano após a tua partida súbita. Disseras que as glicínias estavam melhor podadas que nunca...era verdade. Neste ano tornaram a florir, belíssimas nos seus velhos troncos. 


José Alves

Também amo assim as flores, a Natureza em geral e, muito em particular, a humana. Não importa que os dias me cansem, me devorem cada hora num interminável labor. 


José Alves


E, agora, o Rara Avis  quase se silencia de duas em duas semanas. Pesado é o silêncio. O meu serviço são os outros. 

Ana




segunda-feira, 25 de abril de 2016

Com mãos se faz a paz se faz a guerra


Arte rupestre, Patagónia



Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se faz a guerra ─ e são a paz.


Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.



Manuel Alegre
O Canto e as Armas
Europa-América
1979



domingo, 17 de abril de 2016

Partir

Viajes.com, Peloponeso


Terei que ir. Enche-me essa urgência da partida. Ao longe, penso Thera, onde o destino já me levou, e sonho Esparta olhando o rio Eurotas. Conheces o Eurotas? É a Lacónia que o vê correr...não sei se nele se banharam velhos soldados de uma batalha qualquer. No silêncio inaudito desta parte do Peloponeso, pacifista e desiludida com as novas barbáries, olho e penso. Pensar foi sempre o meu maior desígnio, mesmo na consciência dolorosa desse acto.


Leo von Klenze, Akropolis

Anda, olharemos de frente a Acrópole, na próxima Atenas. Deixemos a península. De penínsulas somos conhecedores. Anda comigo reconstruir o Partenon, desenhá-lo na sua realidade etérea e justa. Temos este amor Antigo, sem idades do meio e sem treva. Procuraremos a claridade, o Sul do Sul...aí aninharemos as serenas cores da vida, aí desvendaremos se ainda é possível a Humanidade.


C. Aguilar, Grécia

Ana