Portas de Ródão, José Alves |
Andámos à deriva, mergulhados nas lendas deste país, aturdidos pela brisa insistente, fugidos a um trabalho sem tréguas. É preciso recarregar, é urgente retornarmos a lugares que deixámos cristalizados num tempo já antigo. Ainda ouvimos a voz serena do mestre que nos levou, tão jovens, a subirmos aqui acima.
Ródão, José Alves |
Destroçada, a rainha adúltera, pragueja, na imensidão da paisagem: « Nesta terra não haverá cavalos de regalo, padres não se ordenarão e putas não faltarão».
Portas de Ródão, José Alves |
(Versão popular)
«Wamba, rei visigodo, fundou o Castelo de Ródão, onde vivia
com a sua mulher e filhos. A rainha fugiu, certo dia, para os braços de um rei
mouro, o que levou Wamba a procurá-la, disfarçado de mendigo.
Ela reconheceu-o, fingiu ser prisioneira do mouro e escondeu
o marido no próprio quarto, entregando-o em seguida ao amante.
Pediu Wamba à generosidade do inimigo que lhe concedesse
tocar pela última vez a sua corna. Os seus companheiros de armas ouvindo-o,
acudiram-lhe. Mataram o rei mouro, e trouxeram a rainha para o Castelo de
Ródão.
Por sugestão do filho mais novo, o castigo dela consistiu em
ser precipitada pela íngreme encosta para o Tejo. Ao saber do castigo, a rainha
proferiu a sua tripla maldição:
Adeus Ródão, adeus Ródão
Cercada de muita murta
E terra de muita ...
Não terás mulheres honradas
Nem cavalos regalados
Nem padres Coroados!»
Diz-se que por onde o corpo rolou nunca mais cresceu mato.»
(in, http://www.terralusa.net)
José Alves, 2017 |
NB: a praga da rainha pode ler-se neste cartaz.