Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A esperança

Abel Manta


Escorre, assim, o outono:
Tem medos, tem pavores,
Traços tristes de abandono.
Teimosas, crescem as flores
Surpreendidas, atordoadas...
Serenas julgam, nos ardis,
Nas tormentas, nas trovoadas,
Claras águas primaveris...

Logros tecem os tempos
Aos homens puros, lutadores,
Mais incautos e mais atentos
A este Outono com flores!

Ana

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Arestas

Rob Gonsalves

É no espaço entre as palavras
Que aras, que lavras...
Que traças indómito lamento.
E descem pelas arestas
Finas teias de ilusão...
É no espaço entre as palavras
Que caem fiapos de névoa
De um heróico momento.
Semente quieta que voa
Sobre a tua solidão...

Ana


sábado, 13 de setembro de 2014

A terceira...

Ponte de Lima - José Alves

Não, não são homens,
Senhores!
São vultos apenas,
Em noites de horrores.
E sobre a pedra semeiam
Hostes novas de pavores!

Em Lethes de esquecimento
Perderam o Norte,
Semeiam a morte
Na inércia do momento!

Ana



domingo, 7 de setembro de 2014

Ternura


V. Kush



Há depois este silêncio
Tão quieto, tão denso...
É talvez a ternura
Tão doce, tão pura!
É talvez o carinho,
Pássaro em seu ninho...
Ou o quieto silêncio
Tão doce, puro e denso.


Ana

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Reposição

Caminha, 2014 - José Alves

É o tempo medievo
os novos bárbaros
descem ao povoado
É um tempo servo
em que as nações
se curvam submissas
aos novos bárbaros

Olha em frente
o horizonte turvo
o cenário do amor
Olha sem pudor
as novas premissas
na distância coeva
entre os rios e o mar

Que eu não me curvo
ao velho fardo servo
dos novos bárbaros
Vem insubmisso
olhar a claridade
no horizonte turvo
dos novos bárbaros

Ana


Pedreira do Galinha, 2014 - José Alves