Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 7 de julho de 2015

Orografias


Don Hong - Oai




Diferentes são os dias se os virmos deste lado. Percorremos recantos da memória e sonhos de infinito. Caminhos absortos fechados neste tempo. Casulo informe sem esperança de voo. Que te importam as águas especulares? Imagem é essa construção etérea e íntima. A ela te prendes na infinda jornada. O Verão pesa como um deserto ancestral. Voas e mergulhas ou deslizas ainda? Na tarde o silêncio lê a tua sina...




Don Hong-Oai


Ana

domingo, 5 de julho de 2015

O Rio

Grécia, José Alves



O poema omnipotente,
como rio mítico,
barbudo,
de cartucheira à bandoleira,
vem pela rua abaixo a buzinar
enfadando as amantes.
E o poeta
por que te apaixonaste aos dezoito
já não existe,
pois existir quer dizer
tenho casa na rua Kypséli
vá visitar-me no fim-de-semana
ou apresento-lhe a minha esposa.
Há uns tipos, em altos estrados,
a fazerem truques com lenços coloridos,
como outrora os charlatães
que vinham de carroça
e te tiraram o dente são
por dois taleres.


 Jenny Mastoráki (Poeta da não violência)
Grécia (n. 1949),
to soi, kedros, 1978.

tradução de Manuel Resende