Ismail Shamut, Palestina |
NA CASINHA DA RUA HALAFTA
Na casinha da Rua Halafta
as tardes passam tranquilamente.
Amigos vêm, partem e sabem ao odor da mirra.
Na copa da palmeira há uma coroa de chuva transparente.
As rosas quase que irrompem para dentro de casa.
E nestas tardes de infinito outono, estou sempre no terraço,
a observar as luzes de Talpiot em frente,
pensando em que estações estarás agora,
e em como desapareceste, como transcorreu a vida.
Rami Saari (Israel)
*****
ELE É CALMO E EU TAMBÉM
E eu também.
Ele bebe chá de limão,
e eu bebo café.
(esta é a única coisa diferente entre nós)
Ele, como eu, usa uma camisa folgada básica
E eu olho, como ele, para uma revista mensal.
Ele não me vê enquanto eu o olho discretamente;
Eu não o vejo enquanto ele me olha discretamente.
Ele é calmo,
E eu também.
Ele pede algo ao garçon;
Eu peço algo ao garçon.
Um gato preto passa entre nós,
E eu toco sua noite de pêlos;
Ele toca sua noite de pêlos.
Eu não digo: «o céu está claro hoje,
mais azul»;
Ele não me diz: «o céu está claro hoje.»
Ele é o visto e o que vê;
Eu sou o visto e o que vê.
Eu movo minha perna esquerda;
Ele move sua perna direita;
Eu balbucio a melodia de uma canção;
Ele balbucia a melodia de uma canção.
Eu penso: «Ele é o espelho onde eu me vejo?»
Então eu olho-o nos olhos e não o vejo.
Deixo o Café com pressa.
Penso: talvez ele seja um assassino,
ou talvez seja apenas um homem passando
e eu seja um assassino.
6 comentários:
E é tudo tão humano... e desumano
E como acaba?
E quando?
"As rosas quase que irrompem para dentro de casa"
Fico aqui a imaginar esta beleza de cena!!!
Que coisa maravilhosa!
Abraço Ana!
(=
Querida Aninha
Soube à pouco da notícia sobre a Christina.
Ela estava doente desde Julho.
Fiquei muito triste.
Este mundo também não ajuda nada.
Beijinho, amiga.
Isabel
Pelo último comentário , parece-me que perdeste alguém que te era importante, Se assim é te abraço ,desejando paz a quem partiu.
Quanto ao post , mostra claramente o absurdo da guerra fraticida entre povos semitas na Palestina..e que parece interminável, desgraçadamente.
Bem hajas, Aninhas!
....ou uma imaginação
fértil...
Abraço
E continua a ser tão difícil reconhecermo-nos no outro...
Beijo
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