Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 25 de julho de 2013

25 de Julho



Minho, milho - José Alves

Caminhávamos por esses campos de milho e vinhas e o vento fresco de Caminha levava-nos muitas vezes até à Galiza. Era um mundo viçoso de juventude e remadas largas pelo rio e eu sorria, largamente, contra o granito que sempre me apertou numa tristeza íntima de criatura do sul, habituada às luminosas fachadas de luz.


Caminha, Igreja Matriz - José Alves
Depois, veio aquele dia distante em que celebravas o apóstolo Tiago e unimos os nossos trilhos de contrários, numa busca de plenitude que Pitágoras saberia explicar melhor. Tantas vezes nos perdemos por Compostela - e ainda isso acontece hoje, apesar da opacidade que se instalou entre mim e a fé dos homens. Nem o rei D. Manuel aí rumou tantas vezes...

Catedral de Santiago - Miguel Elói

Hoje celebramos o dia, ajustamos contas com a história que é nossa, comemos e brindamos ao teu Norte e ao meu Sul e aqui deixo o testemunho de amor que há trinta e dois anos nos traçou uma rota comum.

                                                                                  *

Uma nuvem negra, porém, instalou-se no céu claro da minha terra quente, para que não me esqueça, também, do sofrimento e dos corpos que hoje juncam os verdes campos da Galiza, prova irrefutável do livre arbítrio dos homens.


Ana



10 comentários:

irneh disse...

Um dia inesquecível e de que eu tive o prazer de participar. Que a vida vos continue a propiciar a felicidade de viverem esse amor, como tão sabiamente têm feito.

Beijinhos para os dois.

Mel de Carvalho disse...

minha querida Ana,

saio enternecida, reconhecida nas suas palavras - há caminhos na vida que nos levam além de nós, inexplicáveis, e que nos unem além da fé ou das leis dos homens. são caminhos de Santiago, enormes de verdes...

lindo, mas lindo de verdade - celebração dos contrários que, conjugados, são, inequivocamente, maiores que a soma algébrica das partes.

beijo e o meu carinho, boas férias se for o caso.

Mel

Nilson Barcelli disse...

Foi um acidente brutal.
Mas o teu post é belo. Reavivou-me as memórias do rio Minho e dos seus canmpos de milho, bem como das belas paisagens galegas, em tudo semelhantes às do Minho.
Ana, minha querida amiga, tem um bom resto de semana.
Beijos.

Andradarte disse...

Obrigado pelo seu comentário....
Creio ter entendido...e modifiquei...
Ficou melhor creio eu....
Obrigado pelo 'toque'...
Beijo

São disse...

Muitos parabéns e que esse amor quem uniu Norte e Sul se mantenha viçoso como o milho minhoto e quente como o solo alentejano.

Paz a quem um desastre imenso fez chegar a um outro cais e alívio para a dor de quem ficou!

Abraço com muito carinho para vós, ANita!

Ana Tapadas disse...

IRNEH, ainda hoje beberemos um copo...participarás, sempre, amiga.

bj

Rogério G.V. Pereira disse...

Minha Teresa é de origem galega, mas tal perde-se na distancia de várias gerações. Ficámos mudos perante a ausência de Deus e em silêncio olhámos essa nuvem negra que cobriu os campos verdes da Galiza e que, agora sei, ensombra um dia que para si seria (e é) uma data feliz.

Há dias assim...

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Como sempre a tua prosa envolve a poesia da tua vivência.
Neste mundo tão conturbado, tão falso,ás vezes,repugnante mesmo, é mais que salutar encontrar tanta luz, tanta sabedoria.
Como eu conheço bem esses campos do Norte especialmente Caminha.
Terrível o acidente. Uma dor sem fim.
Já me esquecia: o "banner" está lindo.
Quando for de férias aviso-te.
Beijinhos e continuação de excelentes férias.
Isabel

Olinda Melo disse...


Querida Ana

Creio adivinhar aqui uma preciosa celebração e associo-me a ela, tanto mais que as magníficas palavras e fotos nos franqueiam a entrada.

»»»

Para a Galiza e suas gentes um pensamento de solidariedade neste momento tão triste.

Bjs

Olinda

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida Ana

Que esse amor que vos juntou seja eterno e pleno de felicidade.

Um beijinho com carinho
Sonhadora