Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

«Singularidade»

José Alves, Minho
Acontece-me muitas vezes, nos quentes dias de Verão, quando enfrento o vazio e o nada que as férias verdadeiras implicam, nessa urdidura de encanto e de contemplação, escolher leituras inquietantes. A aridez analítica da minha vida profissional corre o risco de me deformar o olhar sobre a vida. Assim, interesses múltiplos acolhem os meus breves tempos livres.
O autor que apresento no «post» anterior, lido no original e por isso sem traição tradutora, acompanhou-me nos seus oitenta e oito anos. Colocou-me perante o momento anterior ao, dito, Big Bang e interrogou-me sobre o momento posterior à questionável expansão do universo. Tantas são as teorias e tão poucas as certezas, por ora incompreensíveis para a natureza humana. Jean d'Ormesson resolve, em parte, a sua inquietação aderindo ao cristianismo na justa dimensão de teoria do amor ao próximo. A única que aceita. Nesse sentido, julgo, o cristianismo é um humanismo. 
Houve um tempo em que pensei assim, talvez volte a esse lugar mental. Hoje, acomodo-me em zonas de alguma turbulência ecléctica. Faço parte dos que acreditam que a teoria das singularidades físicas e outras de igual grandiosidade não salvam o Homem de estar a entrar numa espécie de nova era das trevas, uma espécie de Idade Média globalizada.
Não sou a única:
«Uns atribuíam essa decadência da civilização à economia, outros à globalização da informação, outros à fragmentação da informação, outros à fragmentação e à instrumentalização da política por agentes mercenários, outros ainda a causas mais ou menos estranhas ao controlo humano, do aquecimento global a outro tipo de catástrofes. Enfim, o catálogo é longo e, como se vê, é preciso uma dose estratosférica  de optimismo e inconsciência para defender que algum daqueles perigos tenha sido afastado» (Super Interessante, 196 - As Trevas).

Só não podemos desistir!




12 comentários:

Edum@nes disse...

Esse título «Singularidade»,
não desistir, gostei da final
porque incertezas em Portugal
são tantas como a realidade!

Um beijo.

Pérola disse...

Gosto de leituras que põem a pensar e nos desacomodam.

Beijinhos

Mar Arável disse...

Aprender aprender sempre

São disse...

Se encontrar, lerei pois gosto da língua e o tema interessa-me.

Onde compraste? É que, incompreensivelmente, a Bertrand do Chiado (coração da capital portuguesa), não tem livros franceses!!

Boas férias e que essa frescura tão linda do Minho amenize a aridez da tua vida profissional quando a ela regressares,

Boas férias, amiga :)

Ana Tapadas disse...

Olá, São!
Pois...o meu filho trouxe-me este exemplar de Paris.

Por cá o Francês foi arredado das prateleiras.

bjs

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

aprender sempre, desistir nunca.

:)

Graça Pires disse...

É sempre bom ler aquilo que nos deixa a pensar...
Quanto à "decadência da civilização" pode ter muitos motivos, mas talvez o principal esteja na imensa falta de solidariedade que se instalou em todos nós...
"Só não podemos desistir", é verdade.
Um beijo, Ana.

Andradarte disse...

Aqui estou lendo.....Nunca
é tarde para aprender...
Beijo

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa noite,
A degradação da humanidade, a falta de dignidade desta, é impingida unicamente pelos agentes políticos que são submissos à economia especulativa, estão amarrados por livre vontade em defesa dos seus interesses pessoais e dos interesses do poder financeiro privado, os ditos agentes políticos, se tivessem um pingo de vergonha,defendiam a economia produtiva a bem do povo.
Dia feliz
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

Jorge disse...

Olá Ana!
Singular e impressionente texto que dá para refletir e tirar dele ensinamentos e questionarmo-nos, superar as vivências que nos condicionam.
O meu abraço,
Jorge

Luma Rosa disse...

O que ilumina a existência é a esperança!
:D
Beijus,

O Puma disse...

Abraço de Cuba

no Alentejo