Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Fabris, 1925

Fabris, Veneza

Entramos. É a curiosidade que nos faz entrar ou a multidão que nos leva nessa onda humana? Não saberemos nunca. De tantas vezes em Itália, esta é a primeira na cidade naufragada. Há muita coisa bela por aqui e muito «cliché» vendido. O mundo ficcionou o arquipélago e, ainda mais, estas ruas estreitas e largas praças. Todos amam Veneza e não te falarei disso. O postal ilustrado foi, há muito, vendido. Afinal, esta é uma cidade de mercadores. Também te amei em Veneza ao som dos violinos do Florian. Também bebi o café da mais velha cafetaria, ou não. Entrámos e, como outros, comprámos verdades e falsificações.
Saímos e só aquela data - 1925 - se fixa na memória. Giuliana ou Giancarlo Fabris não são actores para a minha vida mental. 
A História que ressurge não tem o brilho das águas do Adriático, nem dos canais. Não desaguou aqui. Foi a 3 de Janeiro desse ano de 1925 que o Duce se revelou inteiro - o pai do povo, que regula e reprime, que liberta nesse ano os fascistas presos e trava a batalha do trigo e, e, e...
Ah, Bela, como os perigos te espreitam!

Ana

7 comentários:

CÉU disse...

Um texto com talento e coração.

A História nunca se repete nos mesmos moldes, querida Ana!

Estou melhor das mãos, mas não bem.

Beijos e boas férias.

Rogério G.V. Pereira disse...

Ah, Bela!

https://youtu.be/PZ_pERWHFNE



Bípede Implume disse...

Olá querida Aninha

Finalmente consegui conjugar o tempo e a paz necessária para me dedicar, também, ao blog.
Foram meses de muito trabalho que valeram a pena.
Venho só desejar umas óptimas(o computador está aqui a dizer-me que escrevi mal esta palavra...hum...mas eu escrevo à antiga!) e merecidas férias.

Beijinhos de muita amizade.

silvioafonso disse...

Caraca! Que delícia de comentário
você fez a respeito, moça.
Fala mais, vai. Fala.

Beijos à beça, de montão.


.

Ana Tapadas disse...

A bela canção de resistência, amigo Rogério. Sempre atento ao meu subtexto.

Beijo

Graça Pires disse...

Segundo Marx "a história repete-se sempre duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa"... Será que tinha razão? Gostei muito do teu texto, Ana.
Uma boa semana.
Um beijo.

Jaime Portela disse...

O "dedo" de Mussolini é ainda visível em vários locais italianos. Nalguns casos são bairros inteiros. Em Veneza, que não apreciei particularmente quando a visitei, talvez pela atmosfera criada pela horda humana que por lá permanentemente campeia, não me lembro de nada que tivesse a marca do fascismo. Mas talvez fosse do meu olhar desatento a essa péssima variante da História.
Parabéns pelo texto, é excelente.
Ana, continuação de boa semana. E boas férias, se for o caso.
Beijo.