Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Com o Sol a prumo


Alentejo, Rádio Campanário




Com o Sol a cair-nos sobre a cabeça, cá vamos vivendo. Temos a consciência dos dias árduos, das súbitas madrugadas que rasgam as janelas abertas com um fresco ar de noroeste e deste silêncio que se abate sobre os corpos lassos.
Este é o lugar que amamos. Nele, os extremos moldaram a natureza dos homens e relativizaram a acidez de cada momento. Nele, forjámos o carácter de que nos acusam, mas que nos identifica e nos torna capazes de não desistirmos nunca. Nele, a eterna juventude que uma sociedade de plástico vendeu, nunca vingou - nós amamos os velhos! Eles são a sageza e a memória dos tempos - ainda os ouço na soleira da porta da minha infância, quando esperávamos a frescura das noites longas de outros tempos tórridos!
Somos assim, orgulhosos de o ser, numa raiz velha de tantas misturas de povos que por aqui passaram - bastardia que não tolera a injustiça, ainda que disfarçada de alguma veste solene.
Agora, aqui estamos, ao dispor do que virá. Chama-lhe destino, divindade, ou pandemia, ou crise. Agora, aqui estamos e lutaremos! 



Ana


14 comentários:

chica disse...

Lindo e que bom o sol bem presente aí.. è verão! E com pandemia ou pós ela, os dias seguem sempre! Lindo fim de semana! beijos, chica

Edum@nes disse...

Enquanto por aqui andamos. Lutaremos por melhores condições vida. Sempre no sentido de se alcançar o bem estar. Sendo essa a finalidade da curta passagem por este mundo, até ao fim da corrida.

Bom fim de semana amiga Ana. Bjs.

Rogério G.V. Pereira disse...

Teu (belo) texto
É um incentivo
Que surge no momento preciso

Farei uso dele
amanhã mesmo
pois não sabemos o que será o dia seguinte
em desespero...

Maria João Brito de Sousa disse...

Na luta foi temperado, esse Alentejo que, como eu, se equilibra sereno nestoutro fio de navalha.

Abraço, Ana!

A.S. disse...

Olá Ana! Um texto belissimo e que sempre estará actual.
Citando "TORGA":
"O sol da seara
E a mão crispada
Deixaram na terra
A imagem gravada
Dum incomparável grito
Da condição humana
Erguido na planura alentejana"

Estou seguro que sempre será assim!
Um abraço!

silvioafonso disse...

Eu ajudo no coro se disserem amém.
Beijos, obrigado, boa noite e ótimo
fim de semana, dentro do possível.

alfacinha disse...

Aqui estamos e , vencerão essa pandemia mas o preço será muito caro.
Abraço

isabella kramer - veredit disse...

Ich sende dir ganz liebe und verbundene Grüße in deinen Sommer in dieser schweren Zeit und freue mich über die langen Jahre, die wir verbunden sind, liebe Ana!

Bitte bleib gesund und sei umarmt!

isabella

São disse...

Aplaudo de pé e, se me permites - a mim, que não nasci na terra nobre do Alentejo , mas sou alentejana de alma e coração _ subscrevo o teu comovente e belissimo texto!


Com amizade , o meu estreito abraço, querida Ana !

Graça Pires disse...

Um texto que me comoveu por ser tão sincero, tão cheio de uma humanidade que se está a desboroar.
Uma boa semana com muita saúde Minha Amiga Ana.
Um beijo.

Elvira Carvalho disse...

Um texto belo e comovente. Conheço muito pouco o Alentejo mas bem os alentejanos, pois toda a minha vida, e já lá vão mais de 70, a maioria dos meus amigos, vizinhos e colegas da Universidade sénior são alentejanos.
Abraço e saúde

Mariazita disse...

Excelente, belo e motivador o teu texto, Ana!
Há uns anos passei uma semana na Herdade dos Amarelos. Inesquecível. As sensações são exactamente as que descreves.
Tenciono voltar (não forçosamente ao mesmo lugar...) em Setembro.
Dias felizes e saudáveis te desejo.

Feliz resto de Terça-feira e uma boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

O Puma disse...

Simplesmente

a luta continua

Jaime Portela disse...

Alentejano de gema pensa mesmo isso.
E eu, mesmo olhando daqui mergulhado no verde Minho, percebo-o perfeitamente.
Excelente texto, gostei imenso de ler.
Bom fim de semana, querida amiga Ana.
Beijo.