Qualquer enciclopédia, por mais incipiente que seja, define cabalmente o que é essa entidade, diversa do cartão civil de identidade. A vigente cultura de cancelamento rotula e exclui. O Autor é um transgressor. A sua obra é a sua criação. Ele não é o homem político, mais ou menos querido ou odiado. Que seria de Rabelais, que seria de Saramago? Torga não era simpático, Vergílio Ferreira não sorria... e tantos outros seriam, hoje, excomungados pela doxa vigente.
Prémio Camões em 2019! E em 2019, como no passado...censurado
Arquivo Nacional do Brasil
"Chico Buarque vai receber o Prémio Camões, que lhe foi atribuído em 2019, no próximo dia 24 de abril, numa cerimónia a ter lugar no Palácio Nacional de Queluz, em Sintra, anunciou o ministério da Cultura.
A entrega do galardão está integrada na visita oficial do presidente brasileiro a Portugal e vai acontecer às 16 horas, numa cerimónia presidida por Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva.
O músico e escritor brasileiro foi o vencedor da 31.ª edição do Prémio Camões, em 2019, para distinguir a “qualidade e transversalidade” da obra de Chico Buarque, “tanto através de géneros e formas, quanto pela sua contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa”.
"A atribuição do Prémio Camões reconhece ainda “o valor e o alcance de uma obra multifacetada, repartida entre poesia, drama e romance”, um trabalho que “atravessou fronteiras e se mantém como uma referência fundamental da cultura no mundo contemporâneo”, justificou, na altura, o júri.
Chico Buarque mostrou-se “muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar”, seu compatriota distinguido com o prémio em 2016, enquanto Lula da Silva escreveu, da prisão, uma carta ao músico a felicitá-lo pela vitória.
No entanto, meses depois, Jair Bolsonaro deu a entender que não assinaria o diploma do Prémio Camões, cuja entrega formal estava prevista para Abril de 2020, em Portugal, afirmando que assinaria o documento “até 31 de Dezembro de 2026”, altura em que terminaria o segundo mandato presidencial que não chegou a conquistar nas eleições de 2022.
Apoiante do Partido dos Trabalhadores, defensor de Lula da Silva e crítico do governo de Bolsonaro, Chico Buarque defendeu que o (não) gesto de Bolsonaro significava, para si, uma segunda distinção.
“A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”, escreveu, na altura, na conta oficial do Instagram." (onovo.pt)
Senhor de uma obra imensa e multifacetada, para lá das suas canções, aqui vos deixo uma possibilidade de edição em Portugal:
Fado Tropical
Carlos Paredes, Chico Buarque e Carlos do Carmo
Mulheres de Atenas