Varamos, uma vez mais, a planície. Águias, pousadas e pensativas no alto de velhos postes telefónicos, espreitam a nossa passagem. Contemplam e não se assustam. Pressentem a nossa comunhão com este espaço em que sinais de abandono sublinham o vazio. Um céu de chumbo pesa sobre nós. Desabará a seguir sobre as linhas de Elvas e, na erosão, ameaçará apagar a História.
Cruzamos o Caia.
Cruzamos o Caia.
O Reino de Badajoz, também conhecido como Emirado de Badajoz ou Taifa de Badajoz é, ainda, um estilhaço do Al-Andalus. Atmosfera de um século, talvez X ou XI. O rosto das gentes testemunha-o.
A História destes lugares escreve-se com sangue de muitas gerações em epopeias frementes de ruína e fervor - Francisco de Goya é a paleta dessa gesta.
Mergulhamos na calle Menacho e não compramos nada. A céu aberto o velho general vende de tudo nesta véspera de Reis. Os extremenhos apressam-se na compra de presentes de última hora. Logo à noite celebrarão o apogeu natalício numa cacofonia familiar extraordinária.
A História destes lugares escreve-se com sangue de muitas gerações em epopeias frementes de ruína e fervor - Francisco de Goya é a paleta dessa gesta.
Mergulhamos na calle Menacho e não compramos nada. A céu aberto o velho general vende de tudo nesta véspera de Reis. Os extremenhos apressam-se na compra de presentes de última hora. Logo à noite celebrarão o apogeu natalício numa cacofonia familiar extraordinária.
Descemos a rua do herói independentista Rafael Menacho y Tutlló e temos plena consciência desta Espanha fragmentária,mal sedimentada pelos séculos, mas assim mesmo crédula de uma identidade abstracta que M. de Unamuno bem soube definir.
Edifícios que comprovam a influência dos irmãos Churriguerra espreitam com fachadas algo disformes. Chocam a pureza de linhas do meu Alentejo e, por isso, nós usamos um termo de corruptela linguística para este gosto arrevesado de Barroco tardio que não se apurou por ter convivido com o neoclássico: «corriqueiro».
Edifícios que comprovam a influência dos irmãos Churriguerra espreitam com fachadas algo disformes. Chocam a pureza de linhas do meu Alentejo e, por isso, nós usamos um termo de corruptela linguística para este gosto arrevesado de Barroco tardio que não se apurou por ter convivido com o neoclássico: «corriqueiro».
A rua Menacho desagua nesta silenciosa, deserta e fria rua Pizarro, como se uma má consciência a assombrasse mais ainda. O guerreiro destruidor de cultura americana vagueia por aí. Tenho frio. Sinto-me estrangeira.
La Soledad e Giralda
E, de súbito, ficamos entre dois mundos, quando olhamos da Praça de la Soledad - árabes e cristãos velhos enrugaram a fisionomia de Badajoz com os seus edifícios - à minha direita a Igreja de la Soledad, vigiada pela Torre da Giralda.
Sombras e luz. Penumbras e medos.
Sombras e luz. Penumbras e medos.
15 comentários:
Oi, Aninha!
Olha, aproveitei a "carona" contigo e viajei por estas belas ruas de Espanha... tudo muito bonito: a mistura de estilos, e culturas.
Um beijo grande em ti!
Minha querida Ana
Também iajei contigo..muito bonito.
Beijinho
Sonhadora
Querida Ana.
Muito obrigado por tuas palavras no meu blog.
Muito obrigado pelo viajem por parte do meu país, que parabéns, você conheçe bem,
As fotografias säo muito bôas.
Meus desejos de que este ano, seja muito, muito feliz e possa conseguir todos os teus sonhos.
Beijinhos, amigas.
Sempre um caro momento aqui! Transpira beleza... Cultura! E sempre saio sorrindo por mais uma oportunidade rara!
Tenha linda semana, querida amiga!
Beijos
Chegou a bater saudade. Eu conheço. Revi tudo agora com você.
Ana aquariana: logo os escritores nascidos sob o signo de Aquário faram aniversário. Para eles, farei homenagem no Leitora. Qual a sua data?
Estou torcendo para que seja igual a minha.
Lindo passeio muito
interessante.
Beijinhos!
Nossa!!!
Onde está "faram", leia-se "farão".
Que horror!!! Logo eu, a defensora da língua.
Não te preocupes Gerana! Coisas dessas acontecem.
Beijo
Foi só aprender. Bonito passeio.
Beijo
Querida Aninha
Também revi esta cidade. Já faz uns bons anos que lá não vou.
Olá amiga. Já estava com saudades.
Beijinhos.
Isabel
Muito bem, não é o mesmo dia. Então, me autorize a pegar algum dos seus poemas e não deixe de ir ao Leitora no dia.
Querida amiga, gostei imenso do teu relato de viagem, bem integrado histórica e fotograficamente.
Bom fim de semana.
Beijos, Ana.
É muito parecido :)
Ai, Ana, como foi bom retornar a Badajoz!
Belo e sensível retrato da Espanha feito por uma alma irmã, e ainda estrangeria. Lindas fotos, adorei a postagem. Grande abraço.
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