Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Seder de Pessach - פסח



seder de Pessach
(pão ázimo e vinho kocher)


De dezanove a vinte e seis de Abril decorre o Pessach judaico. 
Portugueses que somos não poderemos mascarar a nossa origem cultural e religiosa.  Como poderemos esquecer-nos  que estamos no Nissan 5771? Quase seis milénios de tradição religiosa e cultural...
Foi no ano 325 da era comum que o Concílio de Niceia estabeleceu  por Decreto, como a data da ressurreição de Cristo, o primeiro Domingo seguinte à primeira lua cheia depois do equinócio de Primavera. Assim, surgiu a celebração da Páscoa cristã católica.

A questão aqui fica, para incómodo:
 - por que motivo se regerá a Páscoa cristã por um calendário lunar?

                                                                            *****

O Seder de Pessach




A palavra Seder significa “ordem” em hebraico, e com este nome denomina-se a ceia festiva da primeira noite de Pessach (na Diáspora a primeira e a segunda), devido à ordem pré-estabelecida que devem guardar todas as bençãos, alimentos, bebidas, etc., desta celebração.


No início da ceia, quem preside (geralmente o pai ou o avô da família) tem diante de si, sobre a mesa, a Keará – “prato” com os símbolos de Pessach.
Entre eles destacam-se:
  • Maror: erva amarga, uma raiz picante, recorda a amargura que sofreu o povo judeu durante a escravidão no Egipto
  • Zroa: osso com carne assada, como lembrança do cordeiro pascal que era sacrificado em Pessach na época do Templo
  • Charósset: uma mistura de maçãs e nozes picadas e amassadas com vinho, simbolizando a massa dos blocos utilizados no trabalho dos nossos antepassados no Egipto
  • Carpás: verduras que se molham em água salgada – símbolo das lágrimas dos escravos no Egipto e as águas do mar que abriram passagem ao povo judeu
  • Betsá: um ovo, lembrança dos sacrifícios da festa
  • Chazéret: alface romana, que será utilizada como uma segunda porção de Maror

Complementam a mesa do Seder três Matzot colocadas uma em cima da outra (símbolo dos três sectores do povo judeu: Cohanim, – “sacerdotes” descendentes de Aarão; Leviim, – “Levitas”, os filhos da tribo de Levi; e Israel todo o resto do povo), uma taça de vinho especialmente reservada para Eliahu Hanavi, o profeta Elías. Acredita-se que ele chega simbolicamente a cada lar judeu para participar por uns instantes junto com os presentes da noite do Seder. E finalmente as taças de vinho para todos, os quais se beberá, sucessivamente quatro vezes durante a noite. Essas quatro taças de vinho celebram a libertação dos judeus da escravidão do Egipto, quando D’us promete aos nossos antepassados: ‘eu sou o Eterno ; e vos tirarei de baixo das cargas do Egipto e vos salvarei do seu serviço, e os redimirei com braço estendido, e com juízos grandes. E vos tomarei por meu povo” (Shemot- Êxodo 6.6-7).
Um dos principais símbolos da noite do Seder é a Matzah*. No dia anterior a Pessach o consumo da Matzah está proibido, para estabelecer assim uma diferença entre as Matzot que se podem comer livremente durante o resto do ano e as que serão comidas na festa de Pessach como lembrança especial do Êxodo do Egipto. A Matzah também se denomina lechem oni, “pão da pobreza”. Na noite do Seder o consumo das Matzot inicia-se no meio da cerimónia, junto com a ceia

FONTE: COMUNIDADE JUDAICA MASORTI - LISBOA 


* sem fermento.



6 comentários:

Andradarte disse...

Tudo misso....um mistério para mim...
Boa Páscoa.(Amanhã,tem um selo para si..)
Beijo

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Tudo, também, um mistério para mim, mas que me provoca uma imensa curiosidade. E acho mesmo maravilhosa toda esta tua "lição".
Quande estive na Guarda, passámos pela Judiaria que está muito mal tratada. E aí fizemos, eu e o Platero, um acordo: visitar Belmonte.Mas com tempo.
Hoje estamos com trovoada e chuva mas não está frio.
Boa semana, amiga.
Beijinhos.
isabel

Luma Rosa disse...

Mais uma janela no tempo que se abre!
Não sou judia, mas gosto muito da cultura, história e da parte mística que celebra este evento cósmico que pertence a toda a humanidade terrena - Será que por isso adota-se o calendário lunar? Afinal, a luz da lua, nosso satélite natural, está aí para reger mares, humores e porque não toda a nossa existência?
Shana Tová!

Maria Luisa Adães disse...

Adorei o texto e tudo quanto nos conta acerca da Páscoa.

Antes de Jesus vir ao mundo a Páscoa era celebrada pelos judeus.

Isto nada tem com o meu amor pelo Mestre - Jesus filho de Deus ou o
próprio Deus.

Polémico? Não creio!
Aceite? Sim e com honras!

Mª. luísa

p.s. o meu poema "Distância" agradece sua presença.

Páscoa Feliz

Fê blue bird disse...

Amiga:
Desconhecia completamente esta tradição, aliás percebo muito pouco de tradições pois não sigo nenhuma :(
Mas adorei saber, despertou a minha curiosidade e aumentou a minha cultura geral. Obrigada!

beijinhos

Anónimo disse...

Excelente lição de História, Ana.

A ideia dos Cristãos Novos, no reinado de D. Manuel é típica de uma má relação com a comunidade.

Compreender a sua História talvez torne menos estranha essa ideia de ecumenismo, sem os absurdos que parecem inquinar a tentiva de aproximação.

Bjs