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Pararam no ponto mais alto da cidade, esfalfados de sorrisos, a admirar o pôr-do-sol.
Os três. Em fila. Calados,como manda o rito dos contempladores de poentes. Por sinal, o dessa tarde cheio de negridão inquieta.
Mas nenhum dos três, depois aquela correria íngreme, se atrevia a denunciar a frustração do espectáculo. Nem Elsa que aproveitava o resfolgo do cansaço para manter a comédia da exaltação emudecida. Muito menos os outros dois, Raul e Eva, dominados como de costume pelas pequeninas paixões da amiga - só efémeras por serem profundas.» (pág.91)
Pego no livro e folheio ao acaso. O meu poente, alentejano e belo, também se encheu de alguma frustração. O livro deveria estar, a estas horas, nas mãos de uma querida amiga e eu deveria ter ido ao seu encontro, mas dias esfalfados são os meus nesta abertura de ano lectivo.
A minha amiga telefonou pela manhã e a voz dela embargou-me a minha, tal a emoção. Regressara há dias dessa Escandinávia de que fala José Gomes Ferreira. Também ela uma grande escritora. Também ela sábia a denunciar poentes com nuvens...
Aqui lhe presto uma singela homenagem:
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Janaína Amado |
Até breve!
Ana