Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Num exemplar das Geórgicas

Xul Solar - Argentina







Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.

Eugénio de Andrade


(Assim andam os meus dias... mergulhada em livros.)

5 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Ler Eugénio de Andrade é sempre agradável.
Beijos, querida amiga.

Rogério G.V. Pereira disse...

Sabes Eugénio
Meu amigo, quase camarada
Não me rodeio assim
de livros que gostem de mim
como pessoa amada
Os que vejo à minha frente
os que estão ao meu lado
e os que atrás de mim
terão deixado um tanto a medo
falam-me de inquietação
do desassossego
e de uma terna e esperada
alvorada

Meus livros não são dóceis e calados
Meus livros mordem-me na alma

Olinda Melo disse...

Como eu gosto de Eugénio de Andrade, dos seus poemas curtos e tão lindos.
Tão cheios de significado, como este:Os livros, amorosa companhia, tão dóceis, tão calados, tão leais...

Está em muito companhia, minha amiga. :)

Bjo

Olinda

APC disse...

e não precisamos de mais nada, pois não, Ana? Os livros não cobram nada e são sempre nossos amigos. beijinhos

Eva Gonçalves disse...

Mergulhar em livros e nadar no fluvial e transbordante ardor de cada dia... não consigo pensar em nada mais tranquilizador... :) beijo