Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Silêncio Triangular


«Pararam no ponto mais alto da cidade, esfalfados de sorrisos, a admirar o pôr-do-sol.
Os três. Em fila. Calados,como manda o rito dos contempladores de poentes. Por sinal, o dessa tarde cheio de negridão inquieta.
Mas nenhum dos três, depois aquela correria íngreme, se atrevia a denunciar a frustração do espectáculo. Nem Elsa que aproveitava o resfolgo do cansaço para manter a comédia da exaltação emudecida. Muito menos os outros dois, Raul e Eva, dominados como de costume pelas pequeninas paixões da amiga - só efémeras por serem profundas.» (pág.91)

Pego no livro e folheio ao acaso. O meu poente, alentejano e belo, também se encheu de alguma frustração. O livro deveria estar, a estas horas, nas mãos de uma querida amiga e eu deveria ter ido ao seu encontro, mas dias esfalfados são os meus nesta abertura de ano lectivo.
A minha amiga telefonou pela manhã e a voz dela embargou-me a minha, tal a emoção.  Regressara há dias dessa Escandinávia de que fala José Gomes Ferreira. Também ela uma grande escritora. Também ela sábia a denunciar poentes com nuvens...
Aqui  lhe presto uma singela homenagem:

Janaína Amado


Até breve!


Ana





2 comentários:

Olinda Melo disse...

Linda homenagem e, ao mesmo tempo, referência a um livro e a um autor que não conheço e que quero conhecer e ler...

Um bom sábado

Beijos

Olinda

P.S. Está a decorrer lá no meu blogue uma maratona de 'poesia louca'.Espero-a... :))

O Profeta disse...

Pinto rostos, o céu, a saudade
Pinto mentiras, corações sem chama e verdades
Pinto o Mundo muito à minha maneira
E um barco carregado de puras saudades

E apago o olhar para ver melhor
Para sentir o dizer de um amarrotado papel velho
O que vejo está muito para lá de sentir
Nesta…Outra face do Espelho…

Mágico beijo