«Aos cátaros da Ocitânia - perfeitos e famílias crentes - que sofreram física e mentalmente os horrores da cruzada, primeiro, e da Inquisição, depois.»
Dias de chuva e muita leitura, sempre será assim. Recordo-me menina à espera da carrinha da Gulbenkian e de esgotar tanto os limites de requisição que precisava do cartão de amigos. Era um momento mágico. O Largo das Amoreiras, as casas brancas, as viagens precoces por essa reserva maravilhosa que a humanidade guarda na herança escrita. Dela fiz a minha profissão, que amo profundamente.
Hoje chove e inicio mais uma leitura. Agora, tenho a vantagem de conhecer os lugares, de ter caminhado por montes e vales, descido montanhas, sorvido o perfume dos ares. A minha memória faz-se de aromas e de rostos humanos.
A dedicatória já me conquistou.
«A Igreja cátara, herdeira dos saberes mais profundos da espiritualidade de Zaratustra, na longínqua Pérsia, soube aninhar no coração do Ocidente (Languedoc) uma cultura sociocultural diferente da que preconizava a Igreja oficial, apesar de ser também cristã. Os seus ministros - Perfeitos - durante mais de dois séculos, partilharam os seus ensinamentos, baseados na liberdade da pessoa, no respeito pela mulher, na tolerância intercultural, na protecção da natureza e no sentido do trabalho, como premissas para a vida humana.», pág. 11
Sei a continuação da história, mas que importa? Nunca é demais relembrar o peso dos tiranos.
Esta é uma boa altura para recordar os resultados do concílio de Niceia... ou não recordas, também, as quatro controvérsias da Páscoa aí discutidas?
Ana