Florença, 2009 - José Alves |
Desço serena a Via Guido Monaco, procuro o número doze, ali durmo quando estou. Há doze minutos deixei para trás a Duomo. Estou em Florença, como estou no descampado - maravilho-me a cada olhar e nunca me desoriento, como se aqui vivesse desde sempre. Sossegado, o Arno segue o seu rumo...conheço cada recanto desta cidade e habitei na harmonia de cada palácio periférico. Da Sinagoga aos museus e à azáfama das infindáveis praças...O Arno segue o seu rumo como o fio da minha recordação. Reconheço os cheiros e as vozes, guardo-os para sempre no meu íntimo património. Cada vez que aqui estou, repito o primeiro espanto da primeira chegada juvenil.
Florença, 2009 - José Alves |
Nada me digas que a realidade atordoa. Só viajo com as armas que ainda tenho, no processo recorrente da fuga. Aqui, agora, sonhos fugidios escapam-se para um futuro incerto. O avejão sobrevoa a hora por vir e não há nevoeiro que se afigure no Verão que se adivinha.
Florença, 2009 - José Alves |
Não me digas nada que hoje, neste presente com grades e pesadelos, soam vozes lusas cacofónicas. É Primavera e tenho frio. Ah, vozes lusas! Com a certeza com que se afirmam asneiras se veste a ignorância.
Como aprendi na distante Florença, quero acreditar que o Homem ainda é a medida de todas as coisas...
Ana