Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Justitia Mater

Tuscany Village
BOB PEJMAN
Associar uma pintura da Toscana a Antero de Quental pode ser alguma coisa de estranho, para quem me ler. As estruturas antropológicas do imaginário têm destas coisas. Todavia, estive ali por duas vezes (1982 e 2009), sempre com o meu subsídio de férias, abdicando de luxos e de coisas materiais que não valorizo tanto como esse partir à descoberta da cultura do Mediterrâneo. Trabalho há trinta e seis anos, desde os dezoito, e continuarei a fazê-lo, se cá estiver, num tempo a perder de vista. 
A Literatura é a minha paixão e profissão. Hoje, só Antero poderá ser a minha voz.

*****
Nas florestas solenes há o culto 
Da eterna, íntima força primitiva: 
Na serra, o grito audaz da alma cativa, 
Do coração, em seu combate inulto: 

No espaço constelado passa o vulto 
Do inominado Alguém, que os sóis aviva: 
No mar ouve-se a voz grave e aflitiva 
D'um deus que luta, poderoso e inculto. 

Mas nas negras cidades, onde solta 
Se ergue, de sangue medida, a revolta, 
Como incêndio que um vento bravo atiça, 

Há mais alta missão, mais alta glória: 
O combater, à grande luz da história, 
Os combates eternos da Justiça! 

                                           Antero de Quental,
Sonetos
http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/20130187.html

6 comentários:

Fernando Santos (Chana) disse...

Excelente post....
Cumprimentos

Manuel Veiga disse...

um dos sonetos meus preferidos...

e julgo compreender a associção que fazes - no panteísmo de Antero.

beijo

São disse...

Este desconhecia.

Amo , como tu, o Mediterrâneo...

Bons sonhos, Aninha

Lídia Borges disse...


Uma associação curiosa esta.

A justiça (ainda que parcelar), neste caso, permite a busca pelo que nos deslumbra e nos torna mais felizes...


A felicidade tem sempre um preço!

Um beijo

claudio rodrigues disse...

E viva Antero, Aníssima! Belo Antero.

Olinda Melo disse...


Antero, actualíssimo!

Bj

Olinda