Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 29 de setembro de 2018

«Janela do Caos»


O amor em tempos de caos Jan Toorop ( Johannes Theodorus Toorop )
 1858 - 1928 Holandês pintor indonésio simbolismo 


Harmonia do terror
Quando a alma destrói o perdão
E o ciclo das flores se fecha
No particular e no geral:
Nenhum som de flauta,
Nem mesmo um templo grego
Sobre colina azul
Decidiria o gesto recuperador.
Fome, litoral sem coros,
Duro parto da morte.
A terra abre-se em sangue,
Abandona o branco Abel
Oculto de Deus.


(mestre da poesia brasileira) Murilo Mendes, «Janela do Caos»



Indonésia, hoje, Estadão








7 comentários:

Graça Pires disse...

Um poema de Murilo Mendes que faz pensar. Podia ter sido escrito agora pois se alguma coisa mudou foi para pior e "a terra abre-se em sangue"
Uma boa semana, Ana.
Um beijo.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, conheço pouco de Murilo, o pouco que li dele, é bem construído e entra bem, aconteceu mais uma vez na Indonésia, a terra abrir-se em sangue.
Continuação de feliz semana,
AG

Majo Dutra disse...

Deve ser horrível presenciar a natureza que amamos,
insurgir-se violentamente contra nós.
Difícil esquecer o horror, embora se saiba que ela
não é culpada...
Aqui vivemos numa zona onde os aparelhos registam
diariamente sismos a sudoeste de Sagres, no mar.
Beijinhos, estimada Ana.
~~~~~

Jaime Portela disse...

O sangue é cada vez em maior quantidade, principalmente por causa de fenómenos não naturais...
Excelente escolha poética, gostei imenso (não conhecia).
Ana, um bom fim de semana.
Beijo.

CÉU disse...

Olá, Ana!

Será que consegue haver harmonia no terror?
Sempre o teu humanismo, sempre!

Beijos e bom fim de semana.

CÉU disse...

Deixa-me dizer-te que eu sei que o poema foi escrito por um poeta brasileiro, k nasceu em 1901 em Juiz de Fora e faleceu em Lisboa em 1975, mas é a tua escolha, que eu louvo.

Beijinho.

Alfacinha disse...

Infelizmente a natureza fica indomável e as pessoas têm de sofrer as calimidades
bjos