Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 21 de março de 2020

POESIA IMORTAL

«Safo admirando Alceu», Lawrence Alma-Tadema
«Dizem que há nove musas, que falta de memória! Esqueceram a décima, Safo de Lesbos» (Platão)


..........Só hoje sei o que é ser deus… Quem é esse homem que está sentado na tua frente enquanto tu falas descuidada e ris de maneira encantadora? 
..........O meu coração bate-me descontroladamente no peito e eu pergunto-me, tentando sondar este mistério: 
...........Que se passa comigo, se, de repente, me vejo a habitar um mundo deserto, se os meus ouvidos parecem feitos de zumbidos e os meus olhos já não servem para ver, se a própria boca indomável das palavras emudeceu? 
...........Como entender este tremor louco sem febre, este gelo que me inteiriça os membros a par deste fogo que pega na caruma interior das minhas veias, este ficar mais verde do que a erva, esta proximidade constante de morrer? 
..............Dizem que tudo se deve suportar. Mas para quê?
                                                                            
                                                               (fragmento 2 D)

Adaptação de Manuel Pulquério, Univ. Católica




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Safo terá vivido no século VII AC e é a Poetisa. A poesia clássica ainda é inigualável. 
Como ousaria, eu, corromper este Dia com a banalidade ou a imitação da lírica pós-moderna?




BEM HAJAM! 









16 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Para quê?

"A partir de amanhã,
seja uma pessoa feliz"

se não acreditasse neste desejo
não vinha aqui dizê-lo


Ulisses de Carvalho disse...

Oi, Ana. Que bela postagem, hoje, no Dia Mundial da Poesia (e da Árvore). O texto abre margens para muitas interpretações... Ainda estou a pensar e absorver. Espero que tu estejas bem neste momento estranho da nossa história, um abraço.

chica disse...

Intensidade e beleza em teus versos! Gostei muito! beijos, muita saúde e tudo de bom,chica

AC disse...

Bem andas tu, Ana, no respeito pelos que nos precederam. A humildade é qualidade a cultivar, sempre, embora poucos a pratiquem.
Bem-hajas tu pela luzinha que vai irradiando deste teu espaço.

Um bom domingo :)

Olinda Melo disse...


Querida Ana

Que belo texto nos trazes. Recordar os clássicos é preciso.
Motivo de inspiração e permanente lição de vida.

Desejo que estejas bem junto aos teus.

Beijinhos

Olinda

Graça Pires disse...

Safo. Que maravilha a teres trazido aqui, Ana. Desejo que o teu Sul esteja sereno…
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

O Puma disse...

Tudo pelo melhor
Bj

João Santana Pinto disse...

Por um lado, a escrita é de cortar a respiração. A grandiosidade nela contida, parte escrita, parte conteúdo da mensagem, deslumbra-me a alma.
Parece-me que quase tudo arrisca parecer banal depois destas palavras…
O Sentir, é tão atual agora, quanto no momento em que foi escrito…

Grande beijinho, Ana

Mariazita disse...

Perdoa a minha ausência, mas tenho estado - e continuo - doente. O corona não me atacou... é uma das minha infecções pulmonares habituais (eu já lhes chamo habituais porque visitam-me duas e três vezes em cada Inverno. Esta foi das fortes, e desde o dia 9 que não saio de casa. A disposição não é das melhores, como podes calcular, e os próprios medicamentos nos põem em baixo.
Mas… adiante.
Gosto muito dos clássicos, talvez porque sou apaixonada por História…

Que tudo corra bem aí por esse belo Alentejo.

Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

CÉU disse...

Podias ter ousado escrever um poema, que Safo não ficaria "zangada" contigo, Ana!

Li o texto duas vezes, e senti-me nele. É tudo tão estranho, está tudo tão estranho!

Boa pergunta. Para quê?

Beijos, minha querida amiga!

Edum@nes disse...

Só o dia de amanhã se saberá,
se para isso houver tempo ainda
sem, no entanto, ainda se saber
como é que o dia de hoje termina!

Boa Quinta-feira amiga Ana. Beijinhos.

Jaime Portela disse...

Neste magnífico post só faltou o som da lira.
Ana, um bom fim de semana.
Beijo.

Manuel Veiga disse...

"Quem é esse homem que está sentado na tua frente enquanto tu (...) ris de maneira encantadora?"

... "e esse tremor louco sem febre", donde provém?

não se pode fugir ao chamamento da Natureza!,
enfim, digo eu que sou que não sou de dúvidas...

beijo, Ana

Manuel Veiga disse...

corrigindo: deve ler-se "digo eu, que não sou de dúvidas"
peço desculpa

alfacinha disse...

Gostei muito ,
muita saúde e tudo de bom.
Bjs

" R y k @ r d o " disse...

Visitando gostei do que encontrei. A poesia é linda seja atribuída a divindades, a Deusas, ou ou aos simples poetas.
.
Um domingo de Ramos feliz