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Alentejo, Rádio Campanário |
Com o Sol a cair-nos sobre a cabeça, cá vamos vivendo. Temos a consciência dos dias árduos, das súbitas madrugadas que rasgam as janelas abertas com um fresco ar de noroeste e deste silêncio que se abate sobre os corpos lassos.
Este é o lugar que amamos. Nele, os extremos moldaram a natureza dos homens e relativizaram a acidez de cada momento. Nele, forjámos o carácter de que nos acusam, mas que nos identifica e nos torna capazes de não desistirmos nunca. Nele, a eterna juventude que uma sociedade de plástico vendeu, nunca vingou - nós amamos os velhos! Eles são a sageza e a memória dos tempos - ainda os ouço na soleira da porta da minha infância, quando esperávamos a frescura das noites longas de outros tempos tórridos!
Somos assim, orgulhosos de o ser, numa raiz velha de tantas misturas de povos que por aqui passaram - bastardia que não tolera a injustiça, ainda que disfarçada de alguma veste solene.
Agora, aqui estamos, ao dispor do que virá. Chama-lhe destino, divindade, ou pandemia, ou crise. Agora, aqui estamos e lutaremos!
Ana