Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Territórios disputados



RTP

Depois de mais um dia longo de secura e Sol, de preocupações diversas e momentos de breve felicidade, repenso como uma pandemia tantas vezes se prolonga em caminhadas assassinas de lagartas de colunas militares...lições da História - cada vez menos estudada nos bancos do nosso sistema educativo.

Há dias assisti a um documentário sobre a Eritreia e percebi que nem uma só vacina para a covid-19, nessa parte do mundo, fora administrada - um horror sobre todos os que, ali, vi.

Como pode o ser humano não respeitar a vida e a paz de outro ser humano? 

Agora, vendo notícias preocupantes, quando procuro descortinar pelo meio das ondas de propaganda e de medo legítimos, o meu computador devolve-me o mapa dos territórios disputados aí pelo planeta que, juntos, habitamos. (Deixo, aos mais curiosos, um link na legenda)

http://metrocosm.com/disputed-territories-map.html

Hoje não acontece o poema. Mesmo que empenhado, ele seria fútil. Mesmo que com as palavras exactas, ele seria o verniz balofo de uma desumanidade anunciada. Não me apetece a Poesia, quando a Humanidade teima em desperdiçar o planeta que pisa e o sopro de vida a que cada um de nós é dado o direito de possuir.

Eu já pisei territórios disputados, ouvi rajadas e vi destroços. Não içarei, por aqui, nenhumas bandeiras, pois elas são, tantas vezes, a mortalha dos homens!

Ana


Post scriptum: não é desânimo, mas revolta.


16 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Estou contigo, nesse desânimo

Convido-te
a olhar as águas
calmas e parcas
do Tejo
incapaz de cumprir a canção

chica disse...

Uma acertada e profunda reflexão. Tanto de tristezas e incompreensões vemos no mundo...beijos, tudo de bom! Não desanima, vamos que vamos ! chica

São disse...

Minha querida, haja esperança nas crianças como a tua menina , porque no resto deixou de haver há muito...


Beijinhos para vós, minha amiga

Rogério G.V. Pereira disse...

Levei
teu texto
inteiro
ao meu espaço
e à minha rede

Lídia Borges disse...


A Poesia é presente, sim. Neste olhar revoltado contra a discórdia e a desumanidade. A Poesia é isso mesmo - passar por dentro da alegria, mas também da dor. Deixar-se magoar sems nunca afastar os olhos.

Concordo plenamente, quanto às bandeiras. Sá a branca me interessa, verdadeiramente.

Lídia

Fê blue bird disse...

Ana,
a dor das tuas palavras tocou-me profundamente.
Mas a poesia não se pode calar, ela também é um grito!

Um enorme beijinho solidário





J.P. Alexander disse...

Reflexiva entrada Los seres humanos somo egoístas y vamos a la destrucción. Te mando un beso.

Daniela Silva disse...

Acho que essa dor é geral. estamos todos cansados disto!
E que venha a chuva, mais uma coisa que não nos está ajudar.

♥ eudaniela28.blogspot.pt

Jaime Portela disse...

A sair de uma catástrofe (a pandemia) e entramos logo noutra ainda pior (a guerra).
Toda a gente a pensar que os imperialistas tinham acabado e afinal eles continuam no poder e a fazer as maiores loucuras. E o mundo a assistir comodamente sentado numas sanções com ricochete, que nos vão atingir ainda com maior violência que à Rússia.
Continuação de boa semana, querida amiga Ana.
Beijo.

Olinda Melo disse...


Querida Ana

Nas tuas palavras me revejo.
Nunca aprendemos, as lições de História
não são estudadas, aliás, é uma disciplina
que há muito deixou de interessar.

E assim, somos levados para o precipício
sem nos perguntarem o que queremos-
os que sofrem directamente na pele e
os que assistem sem nada poder fazer...

Beijinhos
Olinda

Maria João Brito de Sousa disse...

Fui operada no exacto dia em que a guerra despontou e a minha Musa voltou, ainda que desfigurada pela metralha e pelos mísseis...

Um beijo, Ana.

João Santana Pinto disse...

Não sei o que pensar, o ser humano não quer aprender e não quer respeitar o outro, há uma arrogância e uma falta de empatia a governar o mundo.

Um beijinho para ti

Graça Pires disse...

Estou contigo na revolta e na dor.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

Manuel Veiga disse...

uma lufada de palavras belas e generosaas

beijo

Vanessa Vieira disse...

Olá, Ana!
Não há como discordar de tão intensa e real reflexão. Assisti nas redes o trecho de um vídeo onde o pensador falava que enquanto as principais decisões do mundo estiverem nas mãos dos maiores produtores de armas bélicas, há muito pouco ou quase nada que se fazer. Eu na minha utopia, acredito haver sim, coisas e muitas, que podemos realizar, mas há certos momentos, como os de agora, que ficamos à mercê e, nessa altura a alma dói e as pessoas sofrem desnecessariamente.

Abraço, para ti!

silvioafonso disse...

Mas não foi lá que encontraram
os fósseis, de humanos, mais
antigo do mundo? Pois é.
Caso eu não esteja enganado...
Uma beijoca e obrigado por
descobrir meu paradeiro.