Dezembro, 2024 - Alentejo |
Foram intensos os ocasos de 2024. Ano tremendo, na acepção sacra da palavra - mysterium tremendum, sem contacto com o numinoso, diria eu num paradoxo tão do domínio das coisas que escapam ao entendimento. Muitas foram as contradições, muitos foram os fascínios -fascinans, qualidade estranha desse mistério que é a Vida.
Conheci a finitude do trabalho, que amei profundamente, e troquei-o pelo espanto e lazer de quem, finalmente, dispõe do tempo para contemplar as profundezas remotas do lugares esquecidos.
Loulé, 2024 |
Fragrâncias exaladas do passado de onde só a recordação vai mantendo os meus ancestrais. Os mais velhos retiraram-se quase todos para a eternidade e o tempo vai fluindo para um rio, também ele, eterno...mas pleno do vigor que se alimenta de ideais, enquanto não desagua nesse Nada de que todos faremos parte.
Ana Tapadas - 12 anos |
O jardim e a casa
Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Poesia I
1 comentário:
Tanto a posia da Sophia , quanto tuas palavras que a antecederam nos ancantam. Gostei muito! beijos, tudo de bom,chica
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