Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Ocasos

 

Dezembro, 2024 - Alentejo

    

    Foram intensos os ocasos de 2024. Ano tremendo, na acepção sacra da palavra - mysterium tremendum, sem contacto com o numinoso, diria eu num paradoxo tão do domínio das coisas que escapam ao entendimento. Muitas foram as contradições, muitos foram os fascínios -fascinans, qualidade estranha desse mistério que é a Vida. 
    Conheci a finitude do trabalho, que amei profundamente, e troquei-o pelo espanto e lazer de quem, finalmente, dispõe do tempo para contemplar as profundezas remotas do lugares esquecidos.


Loulé, 2024


    Fragrâncias exaladas do passado de onde só a recordação vai mantendo os meus ancestrais. Os mais velhos retiraram-se quase todos para a eternidade e o tempo vai fluindo para um rio, também ele, eterno...mas pleno do vigor que se alimenta de ideais, enquanto não desagua nesse Nada de que todos faremos parte.

Ana Tapadas - 12 anos



O jardim e a casa

Não se perdeu nenhuma coisa em mim. 
Continuam as noites e os poentes 
Que escorreram na casa e no jardim, 
Continuam as vozes diferentes 
Que intactas no meu ser estão suspensas. 
Trago o terror e trago a claridade, 
E através de todas as presenças 
Caminho para a única unidade.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Poesia I

19 comentários:

chica disse...

Tanto a posia da Sophia , quanto tuas palavras que a antecederam nos ancantam. Gostei muito! beijos, tudo de bom,chica

Majo Dutra disse...

Gostei muito de te ver, quando menininha... ainda tens esses olhos?...
Que os teus ocasos sejam sempre maravilhosos.
Beijinhos
=====

Roselia Bezerra disse...

Boa tardinha de paz, querida amiga Ana!
Lindo post com sua foto e a fala dos antepassados que já se foram, do lindo crepúsculo que maravilha a todos e até os mais céticos.
De certas presenças precisamos muito para não sucumbirmos e termos a sensação da falta do Numinoso em nossa vida.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos

Janita disse...

Tenho em mim um enorme fascínio por ocasos. Os que acontecem no horizonte alentejano são mágicos!
Sabes, Ana? Tenho uma fotografia minha também com 12 anos e revi-me nesse teu olhar de curiosidade e um certo espanto. Só que o teu cabelo era muito mais bonito do que o meu. Eu usava-o curto, por essa altura. O teu é brilhante e bem cuidado. Vê-se que foste uma menina com sorte...Cresceste no Alentejo e eu tive de o abandonar justamente aos doze anos. Sofri bastante com saudades da nossa casa, da nossa rua e das minhas amiguinhas.
Beijinhos meus!

J.P. Alexander disse...

Bella poesía me dejo sin palabras. eras un linda niña. Te mando un beso.

" R y k @ r d o " disse...

Existem ocasos lindos, como por exemplo o nascer e pôr do Sol, enquanto que também existem outros nada felizes como são as luzes das balas na guerra

~Deixo cumprimentos. Voltarei.

São disse...

Olá, minha linda menina !

O teu texto diz(-me) tanto, ainda mais do que o poema de Sophia.

Os crepúsculos são a minha hora favorita, mesmo nas cidades, e o da tua foto no nosso amado e belissimo Alentejo é maravilhoso.

Te abraço com amizade, Ana !

Teresa Isabel SIlva disse...

Bonita foto de um bonito ocaso!

Aproveito também para te convidar a participar no meu questionário de consulta, só vai demorar uns segundos e vai ajudar-me muito a compreender quem me lê. Para responder basta clicar neste link

Bjxxx
Teresa Isabel Silva
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lis disse...

Doze anos, tão linda como o por-do-sol, Ana
E como combina também com o 'jardim e a casa' e suas falas.
Gosto muito. Deixo abraços.

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Ana, a poesia de Sophia é linda, mas teu belíssimo texto leva-nos a
pensar, refletir muito sobre a vida e sua finitude! Adorei te ler.
Um bom fim de semana,
beijinhos, Ana. 🌹

Juvenal Nunes disse...

O poema é muito bonito e entrelaça-se com a consciência que tem da vida.
Não podemos evitar a finitude e é bom que a saibamos aceitar.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Fá menor disse...

Tão linda! 12 anos...
E a eternidade a que pertencemos.
Aqui, os ocasos a que vamos assistindo, a passagem breve, tão breve, tão fugaz, mas tão preenchida. Que se viva intensamente os bons momentos.

Beijinhos e bom fim-de-semana!

Olinda Melo disse...

Lindo o texto, a imagem do ocaso e belíssima foto de quando tinhas
12 anos. Os ocasos da vida, dos nossos, trazem sempre
saudades e uma noção de perda imensa. Entretanto, outros
vão ocupando os seus lugares mas não as suas memórias
e o seu legado.
Beijinhos, Ana.
Olinda

Jaime Portela disse...

Em cada dia há um ocaso, na Natureza e na nossa vida. Mas também há um renascer a cada dia.
Pelo que percebi, acabaram-se as aulas e agora o tempo vai finalmente dilatar-se... felicidades para a esta nova fase da vida.
Magnífico post, com um texto que gostei e um poema da grande Sophia.
Boa semana.
Um abraço.

Graça Pires disse...

Que menina linda com 12 anos. Um texto excelente e um poema da Sophia como só ela sabia.
Uma boa semana, minha Amiga Ana.
Um beijo.

Alécio Souza disse...

Querida Ana,
Estamos aqui de passagem, depois quem sabe teremos a vida eterna. Mas enquanto estivermos nesse plano temos que apreciar as belezas na natureza como esse belo por do sol, lindo demais! Adorei a sua foto de criança, eu também tenho algumas assim e acho tão engraçado ver o quanto éramos diferentes na infância.
Um beijo!

duarte disse...

Olá planície!
Vim dar aqui uma voltinha.
Abraços do Vale.

chica disse...

Vim avisar que acaba de ewntrar céu teu lá!
https://ceuepalavras.blogspot.com/2025/02/blog-post_8.html

Obrigadão! beijos, chica

chica disse...

teste