Deserto do Neguev, 2019 |
Deserto do Neguev, 2019 |
![]() |
https://prehistoricportugal.com/megaliths/ |
Andamos por aí, sempre foi assim. Somos andarilhos natos. Sê-lo-emos, decerto, enquanto as pernas o permitirem. Tu apaixonas-te pela História e eu inebrio-me com os sons, os odores, o silêncio, os encantamentos de uma luz coada sobre a planície. Depois, escuto-te e enriqueço.
Lamentamos o abandono a que vão sendo soltos os lugares: capelas caídas, sítios megalíticos empilhados depois das sucessivas lavouras e, mesmo quando anunciados em rotas turísticas, acessos que a invernia vai tornando inacessíveis. Como é possível? Como é possível que Évora não core de vergonha perante o estado a que chegou o acesso ao Cromeleque dos Almendres? Sete mil anos deixados ao acaso, repletos de turistas e de estudiosos...
Ana - Maio 2025 |
Ana - Maio 2025 |
![]() |
Bettina Baldassari |
voa serena sobre o verde e as flores.
Anda, retira de tua alma as dores
e aspira o polén de vida que tomba.
Que tomba da corola solene e bela
e perfuma o cinzento de silêncio e ar!
Leva doçura à alma eleita para amar,
traça, com tuas mãos, a felicidade singela.
Singela na beleza e o seu raio inunda
a alma triste onde a saudade dói...
com ecos de lonjura, fera e rotunda!
Plúmbeo o céu, o Sol, o cinzento destrói.
E não temas, tu és a razão profunda...
Ama! Pois, afinal, a vida se constrói.
Ana Tapadas, Sul Sereno, editora Europa, 2024, p. 38