Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Máscara


W. Blake, The Ancient of Days (God as an Architect), 1794



A Máscara



Esta luz animada e desprendida

Duma longínqua estrela misteriosa

Que, vindo reflectir-se em nosso rosto,

Acende nele estranha claridade;

Esta lâmpada oculta, em nossa máscara

Tornada transparente e radiante

De alegria, de dor ou desespero

E de outros sentimentos emanados

Do coração dum anjo ou dum demónio;

Este retrato ideal e verdadeiro,

Composto de alma e corpo e de que somos

A trágica moldura, errando à sorte,

E ela, é ela, a nossa aparição,

Feita de estrelas, sombras, ventanias

E séculos sem fim, surgindo, enfim,

Cá fora, sobre a Terra, à luz do Sol.


Teixeira de Pascoaes

Cânticos (1925)

In Poesia de Teixeira de Pascoaes

Org. de Silvina Rodrigues Lopes

Lisboa, Editorial Comunicação, 1987


5 comentários:

Dalva Nascimento disse...

Oi, Ana!

Passando para desfrutar da poesia nossa de cada dia!

Boa semana!

Beijos e carinho prá ti!


ADRIANO NUNES disse...

Ana,

Ótima postagem!


Beijão,
Adriano Nunes.

Bípede Implume disse...

Olá amiga
Estamos no Carnaval e nem de propósito a Net pregou-me uma partida. E não só. Andei a pesquisar e, de repente, alarme para virus. Enfim... isto para dizer que só hoje pude, finalmente, estar de volta.
Assim, começo por agradecer poder levar o teu poema, que já levei.
Antero de Quental, magnífico.
E pronto, já estava com saudades.
Beijinhos.

Margarida disse...

E se Deus foi mesmo um arquitecto falhou redondamente. Ou então fomos nós que não conseguimos reproduzir correctamente aquilo que ele queria que fizessemos.

Adorei o poema. Não é de estranhar, vindo da sua parte!
Beijinhos

Janaina Amado disse...

Ana, linda imagem, ótimo, clássico poema. Boa semana para você!