Montemor-o-Novo (castelo), 2023 |
São os ecos distantes das guerras que nos torturam. Alguns enfiam a cabeça na areia ou levitam nos sonhos, nós vagueamos por aí...sempre fomos aonde tínhamos que ir, fitámos nascimentos e moribundos. A vida tem estes ciclos e alguns são de retrocessos em espiral. Por aqui, viajamos no tempo - são as nossas "voltas". Já te detiveste para reflectires sobre o sentido desse termo?
Oliveira, Castelo de Montemor-o-Novo, 2023 |
Chegada até aqui, talvez cultivada por Ísis, a mulher de Osíris, é este o seu tempo. Tudo tem o seu tempo! Das mãos dos fenícios, às dos gregos e às dos romanos, o crescente fértil e a Civilização vivem nela. Porém, que fizemos aos tempos? Onde pára a Civilização?
A minha amiga Christel, sitiada em casa, diz-me que ela se desmorona pelas ruas da sua Bélgica. Os ecos da distância ecoarão, sempre, na Europa. Afinal, como há tanto tempo escreveu Anaxágoras, "Tudo faz parte do Tudo"...
Montemor-o-Novo, 2023 |
Na distância, a nova cidade espraia-se ao olhar! Tudo vai mudando, pois bem sabemos que a velha urbe se aninhava na cerca do castelo. Os lugares mudam de lugar, implacavelmente. E, este, é sítio de muitas mudanças. A História não se cristaliza. Mas, diz-me, o que nos sobra de tudo isto? A face grotesca dos mortos, como naqueles que tanto nos impressionaram, ali na entrada daquele museu - catorze séculos antes da era comum, mais estes XXI que tanto nos torturam...que velhos sinais de Civilização! Trinta e cinco séculos, porém nada aprendemos.
Jerusalém, 2019 - José Alves |
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
12 comentários:
Tudo está em tudo! E o amor deveria esperiar-se ao invés das tristes guerras. Lindo post, footos e poesia!
beijos praianos, chica
Tantos séculos já passaram e parece que cada vez os acontecimentos são mais graves.
O que aprendeu a Humanidade? Mal, só mal e parece-me que cada vez as coisas estão piores.
É urgente amar e pacificar.
Beijinhos, Ana!
Querida Ana
Os teus textos, tudo o que nos trazes do passado parece
tão próximo tal é a forma como o fazes.
Levaste-nos nessa viagem, do passado ao presente,
também com os belos registos de José Alves, com
factos históricos que, segundo parece, quase não
passaram por nós, pela Humanidade. Continuamos tão
ignorantes como se estivéssemos a dar os primeiros
passos, desconhecedores do que aconteceu antes e
pode vir a acontecer se não arrepiarmos caminho...
Beijinhos
Olinda
Parece que estamos destinados a matarnos. Me conmovió el poema. Te mando un beso.
O homem é um ser altamente contraditório.
Preocupa-se com a paz mas prepara-se e resvala facilmente para a guerra.
Abraço de paz.
Juvenal Nunes
Olá, querida Ana!
Leio-te maravilhada, admirando a tua prosa esclarecida, e tão clara, que todos esses caminhos me parecem próximos e conhecidos. Até os que nunca pisei nem pisarei!
Como terminas com um poema de Eugénio de Andrade, ofereço-te um pouco do pouco que tenho para te oferecer. Uma adaptação minha desse poema, por sinal, publicado há tanto tempo, que a mim, hoje, me parece ter sido numa outra vida. Corria o ano de 2009.
"Urgência"
É urgente a Paz.
É urgente uma bandeira branca.
É urgente terminar todas as guerras
Ódio, solidão, maldade
Muitos lamentos, algumas quimeras.
É urgente redescobrir a Paz, a alegria
Multiplicar carícias sinceras.
É urgente descobrir sonhos e risos
Eternas Primaveras.
Cai o silêncio da noite
E a luz impura, até magoar.
É urgente a Paz.
É urgente
Pacificar.
Um beijinho enorme!
Está tão inquietante o mundo. É uma imensa reflexão tudo o que escreveu Ana. E trouxe-nos o Eugénio. "É urgente o amor" Cada vez mais urgente.
Tudo de bom.
Uma boa semana.
Um beijo.
A civilização está mesmo pelas horas da morte.
Depois de uma crise vem outra crise. E depois mais outra e sempre a sucederem-se. E com cada vez mais mortos, seja pelas guerras, pela fome ou pelas epidemias.
Ninguém sabe onde vamos parar, mas os indícios são terríveis.
Gostei do texto e de reler o sempre atual e brilhante poema do Eugénio de Andrade.
Boa semana.
Beijinhos.
Oh, Ana, a guerra aflige a alma e mente
E é real que os sons de tantas guerras
Ecoe em nossas almas dessas terras
A degradar. Por isso é urgente.
Urgência de sentir a paz fulgente
Como um sol que irradie a luz da Luz
A Luz sagrada que alumia e induz
Ao verdadeiro amor entre os irmãos
Aqule amor que une as Nações
E não semparem, como diz Jesus.
Paz e mmor. Parabéns pela belíssima posagem. Laerte.
No meio da tragédia que assola o Médio Oriente que se consiga encontrar um caminho para a paz, mas , sinceramente, não vejo como.
Te abraço
Gostei da postagem.
O mundo está conturbado e completamente alucinado.
Oremos se isso nos traz algum conforto, porque o que vemos é muito triste.
Boa semana.
:)
Olá querida amiga.
Bons conteúdos com que somos aqui presenteados.
Obrigado por te aplicares e partilhares.
Um kandando bjs
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