Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165
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domingo, 4 de fevereiro de 2024

Ludicamente

 

Lisboa, 2024

    Percorro a cidade, ecos e vozes estalam contra o sol de Janeiro. 


Lisboa, 2024

   
    Há um descuido de urbanidade e decadência que um olhar mais atento desnuda. Desnorte subterrâneo onde os rumores se escondem.


Lisboa, 2024

    O olhar, farol do Amor, detém-se sobre os objectos amados. É a glória da Luz de olhares transformantes.


Biblioteca Nacional, Lisboa, 2024


    Os passos de regressos apaziguam os tormentos das almas inquietas.


Biblioteca Nacional, Lisboa, 2024

    "Bom dia"...familiar, ainda, este rosto que sorri, ou será a empatia que experimenta o desconhecido que vivo por todos os cantos do planeta? "Bom dia"...

    Ah, os livros...sempre os livros!

Acabou de sair a última versão

    Ocorre-me então mais uma tisana que sorvo com o aroma quente de uma amizade, neste lugar, tão presente! Bebam-na comigo, meus amigos:


"n.º 240 - Os livros quando são lidos por leitores apaixonados, alegres soltam suas folhas coloridas pelos ares da mente, guardião involuntário em todas as ocasiões. Este é um discurso cuja antiguidade reconstituo ludicamente enquanto escondo a ferida do tempo." Ana Hatherly


SINOPSE:
Estas Tisanas, pequenos poemas em prosa, foram um trabalho constante da vida literária de Ana Hatherly, iniciado em 1969. Durante a vida da autora, estes poemas conheceram várias publicações, sendo um grande número de novos poemas acrescentados e redigidos ao longo dos anos. A recolha que agora se apresenta tem por base a última revista pela autora, com um posfácio de Ana Marques Gastão.

As Tisanas são uma meditação poética sobre a escrita como pintura e filtro da vida. No seu conjunto formam uma espécie de cidade-estado construída pela escrita criadora... (Assírio&Alvim)



Já por aqui andámos juntas:




domingo, 29 de novembro de 2009

O Corpo

Luís Ponte




CML - Avenida da Liberdade





A sala é rectangular, repleta de uma luz plena de meio dia.
Duas portas - janelas abrem-se sobre as copas de árvores. Só vejo verde escuro de jacarandás sem flor. A cor marfim das paredes é suave e os quadros têm um bom gosto asséptico.
As cadeiras em volta de uma mesa baixa ficam longe demais das revistas usadas. Ninguém arrisca levantar-se para agarrar numa. Do meu lado direito, a mulher jovem telefona compulsivamente. O castanho mel dos seus olhos repousa num leito levemente avermelhado. Chorou há pouco, talvez. Do meu lado esquerdo um casal, acima dos sessenta, aperta uma pasta de exames e pergunta pelo médico de serviço. O veredicto deve ser rápido, solicita o homem habituado a controlar as situações e a proteger a mulher magra. É o único homem. Outras mulheres que vestem castanhos diversos. A quase adolescente meneia a cabeça ao som do mp3 que lhe entra no cérebro e disfarça, com um olhar negro e triste, o facto de estar naquele lugar de mulheres. Ela tem o problema, penso com melancolia.
A esta hora José come castanhas fumegantes, fuma ou talvez vaguei na loja dos museus, ali aos Restauradores. Quero sempre ficar sozinha, mas tenho um medo irracional de felino aprisionado.
Aqui, Avenida da Liberdade. Prédio velho, mas belo...quase familiar. Sem poesia. O corpo, agora nu, esmiuçado pela máquina digital. O corpo, frágil máquina em revisão.
Fico tonta. As salas são labirintos entre corredores estreitos e eu só sei de lugares abertos que não me aprisionem.
Agora vestido, o corpo é, outra vez, eu!
Desço as escadas, a luz atordoa-me. José está ali. Vamos! Quero ir.
O corpo frágil, ágil, vai.

Ana

sexta-feira, 1 de maio de 2009

UM LIVRO


Ponte Vasco da Gama photobucket.com

Seis horas seguidas de trabalho.
Varar as estradas rectas da planície rumo a Lisboa, ao lado as águas azuis da barragem. Clima instável: na escola dois inimigos que se degladiaram em tribunal concorrem a directores ... por cima, um tecto cinzento que ameaça desabar em chuva. Talvez estejamos cansados, mas lá vamos nós.
Lisboa está próxima e, assim, com sol e vento é dinâmica e bela. A ponte atira-nos para lá do Tejo. Ficámos longe, de repente. O trânsito...o trânsito. Lá estamos.
Pedaços de discurso do embaixador do Brasil sobre o papel do Rei Dom João VI na construção da bela Biblioteca Nacional do Brasil. O ministro da cultura, com aqueles óculos irónicos e gestos exagerados, o presidente da autarquia com um ar de circunstância...
Que cheiro a pipocas e massa frita!
Estamos na Feira do Livro, pequena, e falta luz, portanto, não há café...
Trouxe um António Baião, um Eco e uma velha gramática de Latim.
Todos os anos ali vou, numa espécie de ritual de juventude.
Gosto do lugar e gosto de livros.
Regresso.
Parque Eduardo VII, Lisboa

«Um livro,
um livro cheio

de contactos humanos,
de camisas,
um livro
sem solidão, com homens
e ferramentas,
um livro
é a vitória.»

Pablo Neruda,
Ode ao Livro (2)