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E lá se vai o mês de Agosto, respirou sobre a planície um bafo de dragão que a tudo assolou. Agora, o Verão quebrou, devastado pelas súbitas mudanças.
Tanta leitura, tanta noite abafada, tanto caminhar sobre a velha passadeira eléctrica...resta uma tendinite no braço, uma dorzinha que rumina o dia todo e aquelas inefáveis visitas ao fisioterapeuta.
Traga-vos uma sugestão de leitura, pouco usual em mim, mas que, na lassidão de uma revista semanal, encontrei e me inquietou.
O autor, amigo de Elon Musk, é assim descrito no "site" da Wook:
"Peter Thiel, o lendário fundador da PayPal, quando criou a empresa, em 1998, sabia que não havia concorrência à altura e quatro anos depois vendeu-a por 1,5 mil milhões de dólares. O princípio que o guiou então determinou todos os investimentos que viria a fazer. Foi o primeiro a entrar no capital do Facebook (tem hoje cerca de 10 por cento da empresa) e fundou ou financiou a LinkedIn, a Airbnb e a Palantir, só para citar as mais conhecidas. Em todos os casos, partiu do "0" (zero concorrência) para o "1" (número um no mercado). Apostando em tecnologias que permitiam acrescentar valor, onde antes não havia nada. O modo como repetiu os sucessos e a raiz da sua filosofia foram explicados num pequeno curso na Universidade de Stanford. Um dos seus alunos, Blake Masters, começou a tirar apontamentos e a publicá-los na Internet. O sucesso foi tal rápido (2,6 milhões de visualizações), que teve de pedir a Peter autorização para prosseguir. Nasceu assim De Zero a Um, uma versão refinada e trabalhada das aulas - o curso completo."
Neste momento é apoiante e financiador de campanha do governo americano, suporte muito forte de J. D.Vance. Dir-me-ão: "E, daí?". Responderei: " Nada. O povo americano elegeu democraticamente o seu governo, seguindo as regras da sua Lei maior". Porém, lendo o livro e, segundo esta ideologia da "concorrência zero", o temor instala-se. Agora, que li uma entrevista dada por este homem quase tímido e de boa aparência, aqui vos deixo algumas ideias:
"A sua empresa vai juntar numa só todas as bases de dados do governo americano - e ter acesso a elas" (Sábado, p.65, 13 de agosto). Defende um Estado "pequeno como uma startup, num mundo em que são as tecnológicas a decidir livremente - mesmo que em monopólio". Acredita que só pela violência se instaura a ordem e defende a "teoria do caos" e a oligarquia dos "tecno bros", como forma de garantir que só as melhores mentes tecnocráticas poderão dirigir o mundo, culpando o Iluminismo de todos os males e propondo o "Iluminismo sombrio" (segundo Curtis Yarvin). Assim, teremos uma Nova Ordem e um novo Homem.
E se isto não é assustador, meus amigos, poderão ler também The End of The Future, 2011.
Perigosos são estes génios de Silicon Walley, postos ao serviço do único deus a que servem:o dinheiro.
O pior, a ideologia difunde-se rapidamente:
Talvez o Rara Avis seja banido, pois já foi muito atacado por estes ideólogos, como aqui documentei, mas que importa?!