Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

segunda-feira, 31 de maio de 2010

«Sê na vida aquilo que és, aconteça o que acontecer», Lou A. Salomé


Lou Andreas-Salomé, nascida Louise von Salomé
(São Petesburgo, 12 de fevereiro de 1861Gotinga, 5 de fevereiro de 1937)





No dia em que eu estiver no meu leito de morte

Faísca que se apagou -,

Acaricia ainda uma vez meus cabelos

Com tua mão bem-amada

Antes que devolvam à terra

O que deve voltar à terra,

Pousa sobre minha boca que amaste

Ainda um beijo.

Mas não esqueças: no esquife estrangeiro

Eu só repouso em aparência

Porque em ti minha vida se refugiou

E agora sou toda tua


Lou Andreas Salomé




recebeu o seguinte poema escrito por Rainer Maria Rilke:


Permaneço no escuro como um cego
Porque meus olhos não te encontram mais
A faina turva dos dias para mim
não é mais que uma cortina que te dissimula.
Olho-a, esperando que se erga
esta cortina atrás da qual há minha vida
a substância e a própria lei da minha vida
e, apesar disso, minha morte.
Tu me abraçavas, não por desrazão
mas como a mão do oleiro contra o barro
A mão que tem poder de criação.
Ela sonhava de algum modo modelar –
depois se cansou,
se afrouxou
deixou-me cair e me quebrei.
Eras para mim a mais maternal das mulheres,
eras um amigo como são os homens,
eras, a te olhar, mulher realmente,

mas também, muitas vezes, criança.
Eras o que conheci de mais terno
e mais duro com que tenho lutado.
Eras a altura que me abençoou –
te fizeste abismo e naufraguei.

9 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida amiga
Lindos poemas...e quanto amor neles contido.

Beijinhos com carinho
Sonhadora

Nilson Barcelli disse...

Querida amiga Ana, criaste um belo omento poético com a conjugação destes dois poemas.

Não conhecia. Obrigado pela partilha.

Beijos.

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Que belos poemas, muito fortes.

Houve um tempo que cheguei a ter três cães ao mesmo tempo. Noutra fase tive 15 pássaros entre periquitos, canários e outros exóticos.
Mas agora só tenho a Micas que é uma doçura.
Ando às voltas com umas costuras, daí este atraso.
Aquela casa alentejana é uma beleza.
Beijinhos .
Isabel

afonso rocha disse...

Que paixão!
Adoro sentir-me assim!
As vezes, até por mim próprio...

Bjo

Flor de sal disse...

Querida Ana,

bebe-se da poesia aqui. Um brinde!

Anónimo disse...

"DE AMOR ARDEM OS BOSQUES"
- novo livro de Maria Azenha -
*
"A harmonia foi a minha mãe na canção das árvores e foi entre as flores que aprendi a amar."
Friedrich Hölderlin

*
Tiragem de 250 exemplares, dos quais 50 numerados e assinados pela autora.

RESERVA pelo email: maria.azenha@gmail.com

(não chegará às livrarias)


ÚLTIMOS EXEMPLARES.

Edição limitada.

Gerana Damulakis disse...

Amor e amor: bela postagem, Ana.

Fernando Campanella disse...

Simplesmente maravilhosa esta postagem, Ana, dois poemas belíssimos, e uma história, triste para o Rilke, verdadeira para Lou que seguiu na vida o que suas emoções lhe pediam, e 'foi na vida aquilo que era, acontecesse o que acontecesse'.
Bjinhos, minha querida amiga.

Anónimo disse...

Olá é a 3ª vez que vi o teu blogue e adorei tanto!Bom Trabalho!
Adeus