Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Diz-me...

Ángel Botello Barros


Diz-me que a escola acabou e que a professora nos marcou muitos deveres de casa que eu, de empreitada, os farei num só dia para poder andar em correrias pela aldeia, sulcando ruas brancas de empedrado onde escorrego e caio. Dizem-me que hei-de partir os dentes, pois sou uma cabrita. Só não sabem que também corro pelos campos contíguos sorvendo a brisa adocicada do manto amarelo dos tremoceiros. Só não sabem que, num ímpeto, escorrego pelo viaduto e que como as flores doces dos marmeleiros. Só não sabem que correr assim pela planura me molda asas livres de menina e me esculpe o espírito. 
Dizes-me que sou uma rapazona, mas como? Mas como, se o gato se anicha confiante no meu regaço, confiante na minha meiguice?
Diz-me que o tempo não passou e que todos estão ainda lá e que este aperto que sinto quando o dia declina é apenas a ânsia de correr livre pelos campos em redor...

Ana

21 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Digo-te, sim digo-te

Podes correr
mesmo que seja mais pesado
a cada novo amanhecer

O tempo passado
que passou
pode voltar a passar
basta teu querer
a cada novo amanhecer

Edum@nes disse...

Vencedora com vontade...
A empreitada com êxito vencer
Na correria da liberdade
Pelo campo a florida paisagem ver
Com alegria, esperança e felicidade!

Um abraço para você amiga Ana Tapadas.
Eduardo.

São disse...

Aninhas, digo-te tudo quanto queiras porque o teu texto é doce , terno e me levou de volta à infância...

Fraterno abraço, minha linda

Mar Arável disse...

Um belo texto
de mulher doce
que não se verga
e nos faz voar em liberdade
à semelhança dos pássaros

Daniel C.da Silva disse...

Cheira a liberdade, este texto...

Gostei muito.
beijo amigo

Fê blue bird disse...

Digo-te amiga, que ambas fomos meninas felizes num tempo que não volta mais.

beijinho

Pérola disse...

Como é bom ser criança e correr pelos campos, sem deveres que pensar.

Um retorno à infância?

Beijinhos

. intemporal . disse...

.

.

. há palavras que se aninham ternas e somos então regaço para as aconchegar .

.

.

. um beijo meu .

.

.

Manuel Veiga disse...


inteira e livre, por entre memórias cálidas!

e livre no voo - até derreter as asas no Sol.

beijo

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Tudo tão bonito.
Tudo tão certo, tão límpido.
E cá vou atrás das minhas traquinices... também,com muito sol.
Beijinhos e bom fim de semana.
Isabel

O Puma disse...

Em Abril

que vivam os cravos vermelhos

Andradarte disse...

Um belo texto, que mostra toda a liberdade de uma menina......
Obrigado pela sua visita
Beijo

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida Ana

Enquanto te lia, senti-me a correr de cabelos soltos ao vento e com os cheiros da planície nos sentidos,

Um beijinho com carinho
Sonhadora

AC disse...

O tempo passou, Ana, mas mantém-se a "ânsia de correr livre pelos campos em redor". Ainda bem, digo eu.

Beijo :)

Isa Lisboa disse...

Se fecharmos os olhos, o tempo não passou...

Olinda Melo disse...


O tempo é uma coisa tramada. Os fios entrelaçam-se e vemo-nos enredados nas recordações, na saudade, no desejo de um regresso ao passado, com laivos da antiga urdidura no presente...

Deixemos o espírito voar pelos campos contíguos...ou até onde os olhos alcançarem. Ou mesmo para lá do horizonte. :)

Adorei o teu texto, querida Ana.

Beijinhos

Olinda

Fá menor disse...

Oh, como a travessura e ternura da infância nos faz bem!
:)

Beijinhos

E Boa Páscoa!

Luma Rosa disse...

Oi, Ana!
A saudade sempre bate quando olhamos o caminho do tempo e percebemos como muito do que vivemos já se apagou. Prefiro não pensar em quem já partiu - se morreu ou simplesmente saiu da nossa vida, que de certa forma, também é uma espécie de morte.
Beijus,

Graça Pires disse...

Um texto muito belo. Podes sempre ter alma de criança e com ela a liberdade que convocas...
Um beijo e boa Páscoa.

Isa Lisboa disse...

Olá, Ana!

Deixei um pequeno presente no link abaixo! :)

http://instantaneospretobranco.blogspot.pt/2014/04/um-presente-recebido-presentes.html

Boa Páscoa!

Nilson Barcelli disse...

Gostei muito deste teu recordar de tempos que já lá vão.
Fizeram-me lembrar os meus... onde também havia uma rapazola que brincava com os rapazes e até subia aos muros e árvores...
Ana, querida amiga, tem uma boa Páscoa.
Beijo.