Maurits Cornelis Escher, «Drawing Hands», 1948 |
As mãos
Com mãos se faz a paz, se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, Lisboa: Dom Quixote, 1967.
Serenamente sem tocar nos ecos
Ergue a tua voz
E conduz cada palavra
Pelo estreito caminho.
Vive com a memória exacta
De todos os desastres
Aos deuses não perdoes os naufrágios
Nem a divisão cruel dos teus membros.
No dia puro procura um rosto puro
Um rosto voluntário que apesar
Do tempo dos suplícios e dos nojos
Enfrente a imagem límpida do mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen, No Tempo Dividido, 1954
Ergue a tua voz
E conduz cada palavra
Pelo estreito caminho.
Vive com a memória exacta
De todos os desastres
Aos deuses não perdoes os naufrágios
Nem a divisão cruel dos teus membros.
No dia puro procura um rosto puro
Um rosto voluntário que apesar
Do tempo dos suplícios e dos nojos
Enfrente a imagem límpida do mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen, No Tempo Dividido, 1954
6 comentários:
Até que a voz nos doa
e mesmo que doa
Ana, dois poetas que nos lembram o dia em que a Poesia andou na rua… Obrigada.
Um beijo.
Aplausos, muitos aplausos ...
:))
HOJE, DO NOSSO GIL ANTÓNIO :-Meu amor: Eu estou aqui.
Bjos
Votos de uma óptima noite
Poesia e democracia. Viva o 25 de Abril, Viva a Liberdade. Com muita saúde, paz, felicidade e alegria. A revolução de Abril, pôs fim a uma guerra, que nunca devia ter existido!
Tenha uma boa noite amiga Ana. Bjs.
excelente a tua escolha
dois belíssimos poemas de Abril, de dois poetas maiores
da Literatura Portuguesa
beijos, amiga
Este ano festejei com Sophia...
Esperei por si...
Tudo bom, querida Amiga.
Beijos
~~~
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