Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sábado, 31 de agosto de 2013

A Norte não há cegonhas



Andei pelo Norte, percorri vales e montanhas que caem a pique sobre casas enterradas no verde dos prados. Fui tomada pelo frenesim das pequenas vilas de sabor medieval, desenhadas pelo Barroco tardio, aonde um cheiro vago de inquisição ainda esmaga algumas almas.
Estradas sucessivas falam dos excessos e servem de refúgio a homens com realidades paralelas. As palavras gritam-se nos ares, num receio ardiloso de não serem escutadas. 
Ouvi risos dignos de Laurent Joubert e, por isso susceptíveis de resolverem todos os problemas. Não fora eu conhecedora de Plutarco, que há muito nos preveniu que existe algures nas Índias um lugar habitado por homens sem boca e que se alimentam apenas de odores, incapazes da faculdade do riso... e teria acreditado estar num lugar feliz. 
Andei pelo Minho aquecido por incêndios e, no coração das noites, caminhei à beira-mar da minha juventude actualizando os lugares da recordação.
O calor húmido trouxe-me saudades da lonjura, porque a norte não há cegonhas...

Ana


15 comentários:

. intemporal . disse...

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.

. poderão não haver cegonhas . a norte .

.

. mas há pessoas . dotadas de uma sensibilidade ímpar . de um . e de tantos olhares atentos . onde a saudade é uma lágrima à solta . salgada na garganta do mar .

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. amei.de.a.mar . (o que é sempre tampouco) . sinceros parabéns .

.

. bom fim de semana .

.

. um beijo meu .

.

.

Mar Arável disse...


Na verdade

Fernando Santos (Chana) disse...

Belo texto...Espectacular....
Cumprimentos

São disse...

E como são belas as cegonhas e sereno o seu perfil contra o azul do céu...

Aninhas, boa semana

Olinda Melo disse...


Minha Querida

Viagem ao passado com respigos no presente...Que as cegonhas migrem para todas as paragens como mensageiras de bons augúrios, tanto no princípio da vida como na fase em que a velhice já pesa.

Excelente texto, minha amiga.

Boa semana.

Beijinhos

Olinda

Pérola disse...

Gosto muito de cegonhas, mas haverão outras aves igualmente belas.

beijos

Nilson Barcelli disse...

E não há mesmo, porque também não as tenho visto.
Mas há outras coisas...
Belíssimo texto, gostei muito da tua prosa.
Ana, tem uma boa semana.
Um beijo, querida amiga.

Margarida disse...

O norte é sempre maravilhoso! Fiz uma actualização no meu blog a pensar em si e nas suas aulas. Acho eu vai gostar da escolha!

Beijos grandes,
Sara

Andradarte disse...

Pois ´não...não há cegonhas. mas há
muito que nos prenda, como o 'Verde
Minho', antes deste verão terrível...
Fiz uns meses atrás todo o Norte e
fiquei na memória com toda a sua beleza, que hoje afasta a vontade
de o visitar....Esse de Plutarco....
estranho não....???
Beijo grande

Bípede Implume disse...

Querida Aninha
Belo texto.
Já estava com saudades.
Não foram só férias mas muito trabalho também.
Beijinhos.
Isabel

Manuel Veiga disse...

vibrante - como a paisagem!
subtil - como os odores...

gostei muito

beijo

Luma Rosa disse...

Oi, Ana!
Mas não é abril, o mês da cegonha?
Um belo cenário visitou e que haveria de resolver 99,99% dos seus problemas. Fiquei com medo de ir para as Índias.
Uma prosa muito boa!!
:)
Beijus,

Unknown disse...

Gostei do texto,pois a norte há imensas gaivotas,demais a
meu ver,no sul naquela imensidão lá estão as cegonhas
nos seus ninhos ou a deslizar nos céus imensos e quentes do Alentejo,também eu vivo entre o norte e o sul.
Cumprimentos
Adelaide

Daniel C.da Silva disse...

A imagem é bonita, e o texto faz o alerta de que nem sempre a terra é um paraíso :(

beijo amigo

Ana Tapadas disse...

Adelaide Stuart,
não consigo comentar o trabalho interessantíssimo que publicou...
Volte sempre.

bjs