Alto Alentejo, Janeiro 2021 |
Quebro o gelo, com uma passada larga. Conheço o desenho de cada passo, pois em cada dia repito esta passagem. O parque amanhece e carrega-se da renovada esperança de mais um dia que desponta. A luz limpa é um logro. A friagem desceu do zero e ela lê melhor a realidade.
Caeiro falar-te-ia do «cubo da sensação», mas eu falo-te deste animal do Sul e do Sol que sente o desconforto do gelo.
Alto Alentejo, Janeiro 2021 |
Podes imaginar a samarra verde, a pele pálida, a máscara ironicamente aconchegante nesta alba...só não sabes do calor íntimo e revoltado. Ah! Não sabes como a injustiça revolta! Como a intempérie é, talvez, necessária e urgente...
Não culpes este chão. Ele conhece os tiranos que o pisaram. Não culpes este chão!
Alto Alentejo, Janeiro 2021 |
A intempérie chegará! Os sonhos jorrarão como esta água, a cântaros...e lavarão os rios que secaram no Verão.
Não bramas, aturdindo a ignorância, pois dela se constroem as grades. Só as vozes não se aprisionam, só o sopro íntimo erguerá a obra. Amainará a chuvada.
Do lado de lá o infindável trabalho dos dias: arremessar sementes ao Futuro em salas plenas de esperança!
Não culpes este chão!
13 comentários:
Gostei muito de ler estas palavras cheias de sabedoria.
Belas imagens!
Beijinhos.
Lindos teus cliques e tiveste todos os tempos..do gelo, até o temporal. Lindas tuas palavras! bjs, tudo de bom,chica
Eu não culpo esse chão... mas tenho esperança no futuro que há de sair dessas salas... É tão bom ler a tua revolta e luta pelos valores, os bons.
Um beijinho
São os tempos... é o gelo que mantém o fruto recolhido em hibernação.
Jamais culparia esse chão, Ana!
Forte abraço!
Ana
Com a emoção à flor da pele,
nem sei como te comente...
...esse chão
é o chão nosso
de que nos fala
a canção
que desde
todos os tempos
trago no coração
Os teus passos amiga Ana, são necessários, para o futuro de quem vai continuar a pisar esse chão.
Não, não culpo o chão !
Um beijinho repleto de amizade
Fê
Caramba, Ana, que texto e tanto!
Já tinha saudades de te ler, que eu gosto da qualidade.
Um abraço
Um texto emocionante.
As intempéries do tempo a juntarem-se às da vida, neste tempo difícil que atravessamos
Abraço e saúde
Nesse chão de memórias e amanhãs
cantam flores
mais vermelhas que os teus lábios
Como culpar esse chão? Como não saber da revolta, que as tuas palavras tão bem expressam, que esse chão já pisou e que tem camadas subterrâneas de silêncio que é preciso fazer falar?
Gostei do tom que deste ao teu magnífico texto.
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
PAlavras sábias para belas fotos.
Boa semana.
beijinhos
:)
Justificando a minha ausência,pela falta de computador,mais de dois meses.
Agora....é por tudo em ordem..
Que tudo esteja bem consigo e com os seus, nestes tempos que não deixam de nos afligir.
Tudo vai passar.Só é preciso cuidado.Post maravilhoso.
Beijo
Querida Ana.
Que tempos estes!
Precisamos de bonança!... Nunca mais chega a primavera!
Desejo que tudo te corra bem, quer a nível pessoal, quer na semeadura virtual...
Dias de preparar melhor esse chão inocente e impoluto.
Em breve, os prados alentejanos floridos alegrarão os portugueses.
Beijinhos
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