Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

"Frio Janeiro"

 

Remedios Varo



Frio e luminoso mês de janeiro

Em que as trevas assolam o país,

Horizonte largo de brilho derradeiro

Onde a Justiça se confunde na raíz.


Frio ardiloso e este sol rotineiro

Que pisa a herança da sua matriz.

Sonho largo, abraço verdadeiro,

Afeto, linha dura que sempre quis.


Ergue-te e vela, a tirania espreita!

Ergue-te e sonha o largo horizonte

No moribundo país que se estreita!


Além na colina e aqui neste monte,

Tua coluna frágil, moldável, endireita

E olha em frente da tua reta fronte!


                 Ana Tapadas, Sul Sereno,  Europa editora, Lisboa, 2024, pág. 52

6 comentários:

Teresa Isabel SIlva disse...

Muito bonito!

Bjxxx,
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lis disse...

O frio 'luminoso' de janeiro comum nessa época, confunde com o cenário que assola o mundo , seu poema diz bem Ana Temos que nos moldar e seguir em frente.
Deixo um abraço e desejo uma feliz semana .

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Un siempre debe ver al frente . Te mando un beso.

Isa Sá disse...

Bonito poema!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Juvenal Nunes disse...

Um poema aberto ao real do nosso país e, porque é janeiro, está mesmo um frio de rachar.
Bom fim de semana.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

Fá menor disse...

O frio aperta-nos por todos os lados.
Poema belíssimo! Parabéns pelo saber dizer tão bem o que na alma e no corpo me pesa.
Beijinhos