Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165

domingo, 16 de março de 2025

Por Decreto...ou as "soft girls"

 

Serra de São Mamede, Portalegre - 2025

    Corro na paisagem e no tempo húmido desta inefável respiração da Terra, corro nos dias de Março. Já foi "dia das mulheres" e eu, por aí, vou pensando em como me viram...ou me imaginam. Foi-me concedida a afirmação social, pela qual outras mulheres tanto lutaram.

    Não serei sempre inefável, especialmente como agora, deslizando por este Alentejo brumoso. Serei engendrada dessa diferença granítica que se esconde e às vezes se assoma na paisagem, ao redor. Com atenção redobrada, vou guiando sem gosto - sob a chuva ameaçadora - veículo avantajado, cabelos desgrenhados e botas pesadas. Alentejana sou.


Ana Maria, 2025

    Na telefonia, vou ouvindo notícias do mundo que, nos confins da planície, me parecem distantes e estranhas...guerras, conflitos, ruínas civilizacionais, líderes ocos de humanidade, deuses económicos...um futuro estranho para ser legado aos vindouros e, muito especialmente, às vindouras!
    Penso que bastará um decreto de Lei para que as mulheres futuras regressem aos seus lugares silenciosos. Como se não nos bastassem os populismos, os ditadores, as religiões, temos agora em grande expansão (especialmente na desenvolvida Suécia) o movimento das "soft girls".
    Vou escutando notícias e penso naquilo que nos está a desconstruir o caminho que percorremos. E penso na condição das mulheres e na regressão que vivem no presente. Com extremismo religioso, ou com retrocessos civilizacionais, interrogo-me: para onde caminhamos?


Irão, 2025 - BBC


Irão/Pérsia, anos 80 - BBC


    Vivi os meus vinte anos na década de oitenta e não posso deixar de pensar nas palavras de um velho livro, muito em voga na época, aqui fica a sugestão de leitura, especialmente para as mais jovens.

ESCUTA A MINHA DIFERENÇA

Mariella Righini: "De ma féminité," dit-elle, " je n'ai jamais fait de complexes. Ni d'infériorité, ni de supériorité. Surtout pas d'égalité."

("Sobre a minha feminilidade”, disse ela, “nunca tive complexos nem inferioridade nem superioridade. E muito menos de igualdade.")

7 comentários:

J.P. Alexander disse...

Te da pena y rabia lo que están pasado. Te mando un beso.

chica disse...

Ana, teu lindo texto e post faz pensar.
As mulheres estão por todos os lados, todas profissões...Será haverá um retrocesso? Tudo pode acontecer nesse mundo que, por vezes, nem mais entendemos! Boa semana! Tudo de bom! beijos, chica

Jovem Jornalista disse...

Parece ser um livro maravilhoso.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Graça Pires disse...

Sem dúvida que tudo está a ser desconstruído, a regredir. As mulheres têm que ser muito fortes para poderem aguentar tanta imposição sem nexo.
Tudo de bom, minha Amiga Ana.
Uma boa semana.
Um beijo.

Fá menor disse...

Muito bem escrito.
Também me faço a pergunta: para onde caminhamos?... E o futuro apresenta-se-nos negro...

Que nos reste ainda Esperança!

Beijinhos e boa semana!

Isa Sá disse...

Vou guardar a sugestão!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Ana!
Mulheres e mulheres sempre haverão... de cabelos desregrados ou não, desde a pandemia, me afastei de cabelo certinho, deixá-los ao ar livre me dá paz. Fazer as coisas o tempo todo como militar, cansa...
O livro deve ser bom.
Devemos nos debruçar sobre valores mais essenciais para o futuro incerto que esperamos viver.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos