São longos os dias de trabalho e curtas as horas...mas a AMIZADE não se esquece!
BOAS FESTAS, MEUS AMIGOS.
MUITA SAÚDE.
Depois eu voltarei.
São longos os dias de trabalho e curtas as horas...mas a AMIZADE não se esquece!
BOAS FESTAS, MEUS AMIGOS.
MUITA SAÚDE.
Depois eu voltarei.
Jury Annenkov, 1918 |
A Acropolis, Atenas, Setembro 1911; reproduzida em Voyage d’Orient, Carnet 3, p. 123. Lápiz sobre papel. Fundação Le Corbusier © F.L.C |
Mankthi, Shamsia Hassani, artista afegã |
Alto Minho, Agosto, 2021 |
Opernhaus (ópera), Zurique, 2021 |
Quintas, Schlieren - 2021 |
Alvor, 2021 |
Alentejo, 2020 |
A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra,
tu a colhes, mulher, a distribuis
tão generosa e à janela do mundo.
O sal do mar percorre a tua língua;
não são de mais em ti as coisas mais.
Melhor que tudo, o voo dos insectos,
o ritmo nocturno do girar dos bichos,
a chave do momento em que começa o canto
da ave ou da cigarra
— a mão que tal comanda no mesmo gesto fere
a corda do que em ti faz acordar
os olhos densos de cada dia um só.
Quem está salvando nesta respiração
boca a boca real com o universo?
Pedro Tamen, in Agora, Estar
Médio Oriente, 2019 |
Médio Oriente, 2019 |
Médio Oriente, 2019 |
Médio Oriente, 2019 |
Alto Minho, Julho - 2021 |
Alto Minho, Julho - 2021 |
Alto Minho, Julho - 2021 |
Alto Alentejo, Junho 2021 |
Caminho e ouço o som dos meus próprios passos sobre a areia solta e quente. Terra ancestral, desde quando por aqui caminham humanos como eu? O calor chegou, sem que eu me tenha apercebido, respiração ofegante do Sul!
Os dias correm. O tempo foge. Preciso deste caminhar penoso sob um Sol inclemente que avermelha a minha pele excessivamente clara para ser este o meu lugar de origem - porém, assim é.
Quero apanhar este ritmo sereno que escorre dos dias longuíssimos de luz sem pudor.
Ana
Ana, 2021 |
Fonte: https://www.abrilabril.pt
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
1977. Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas,
Moraes Editores
Médio Oriente, José Alves - 2019 |
Em qualquer situação o olhar paira sobre as flores, nelas nos detemos para continuar a jornada, elas nos incentivam a caminhada sobre um tempo dividido, sob um Sol abrasador. Há um vento de que não localizo a origem: bafo incendiado do deserto ou sopro indeterminado de um mar sempre próximo?
A memória é o espaço que habito. Páginas que se avolumam e respiram a temeridade dos dias. A sensação de que em qualquer lugar é o meu lugar. Uma empatia serena por cada ser...o meu território íntimo não é uma terra disputada ou talvez no meu sangue corra a diáspora.
(Cá de casa) |
Amanhã, o amanhecer será mais suave. Regresso emotivo ao espaço dos sonhos futuros que lerei em cada olhar. E, alguns, a isto chamam trabalho dos dias. Não! São pontes para o Futuro...
Ana
Jerusalém, 2019 (José Alves) |
Do lugar onde sempre estamos certos
nunca brotarão
flores na primavera.
O lugar onde sempre estamos certos
é batido e duro
como um pátio.
Mas dúvidas e amores
esfarelam o mundo
como uma toupeira, um arado.
E um murmúrio será ouvido no lugar
onde havia uma casa —
destruída.
Yehuda Amichai, Terra e paz – antologia poética, tradução
Moacir Amâncio
Rob Gonsalves |
TEMPO
Tempo — definição da
angústia.
Pudesse ao menos eu
agrilhoar-te
Ao coração pulsátil
dum poema!
Era o devir eterno em
harmonia.
Mas foges das vogais,
como a frescura
Da tinta com que
escrevo.
Fica apenas a tua
negra sombra:
— O passado,
Amargura maior,
fotografada.
Tempo…
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a
ampulheta duma vez!
Que realize o crime e
a perfeição
De cortar aquele fio
movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na
sua teia!
Miguel Torga, Cântico
do Homem, Coimbra editora, p.p.
51-52
Muito devagar, muito devagar...que agora os dias do Ensino à distância nos maceram o olhar, difícil é chegar até este Sul. Muito lentamente irei saldando a minha dívida de visitas às páginas amigas.
Saúde!
Alto Alentejo, Janeiro 2021 |
Alto Alentejo, Janeiro 2021 |
Alto Alentejo, Janeiro 2021 |
De volta... |
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade